Filho de Biden, Hunter volta atrás e se diz culpado de evasão de impostos
Julgamento do caso começa nesta quinta-feira; réu usa estratégia da 'confissão de Alford', na qual reconhece que promotoria tem provas para condenação
Hunter Biden, filho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja mudar sua declaração de inocência no caso sobre evasão de impostos, cujo julgamento começou nesta quinta-feira, 5. Com isso, adotará a estratégia chamada de “confissão de Alford”, na qual o réu apenas reconhece que a promotoria tem provas suficientes para uma condenação, sem admitir culpa total. O intuito é escapar de uma pena mais severa.
“Há evidências esmagadoras da culpa do réu”, disse o advogado de defesa, Abbe Lowell, ao informar o juiz o desejo de Hunter de alterar a declaração. “Isso pode ser resolvido hoje. Não é uma questão complicada.”
Hunter entrou no tribunal acompanhado de sua esposa, Melissa Cohen Biden, e protegido por agentes do Serviço Secreto. Em junho, ele foi condenado por ter comprado uma arma ilegalmente, em uma época quando ainda fazia uso de drogas (o que é proibido pela lei dos Estados Unidos). Foi a primeira vez que um familiar imediato de um presidente foi considerado culpado de um crime durante o mandato do pai, embora o delito seja anterior à eleição de Biden. Este é, portanto, o segundo julgamento contra o empresário americano.
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Entenda o caso
O filho do presidente foi indiciado com nove acusações relacionadas a fraude fiscal no estado da Califórnia. Elas incluem três crimes e seis contravenções, e Hunter enfrenta uma possível sentença de 17 anos se for condenado. Segundo a promotoria, “o réu se envolveu em um esquema de quatro anos para não pagar pelo menos US$ 1,4 milhão em impostos federais que devia nos anos fiscais de 2016 a 2019”.
A acusação também afirmou que ele “direcionou milhões de dólares a um estilo de vida extravagante em vez de pagar seus impostos”, incluindo gastos com strippers e sites pornográficos. Acredita-se que a equipe de defesa alegará que ele não agiu “intencionalmente” para infringir a lei, em razão do vício de Hunter em álcool e drogas, segundo a agência de notícias Associated Press.
Em contrapartida, o juiz distrital Mark Scarsi, nomeado pelo ex-presidente republicano Donald Trump, proibiu os advogados de Hunter de atribuírem seus problemas com a Justiça e o abuso de substâncias a tragédias pessoais. Seu irmão Beau Biden, morreu de câncer aos 46 anos, em 2015, enquanto sua mãe, Neilia Hunter, e sua irmã, Naomi, de 13 meses, perderam a vida em um acidente de carro em 1972.
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Legado de Biden
A partir da “confissão de Alford”, Hunter conseguiria evitar que um escrutínio público dos seus negócios no exterior, fonte de alarde para republicanos linha-dura que tentam acusar o presidente americano, sem evidências, de corrupção. Eles alegam que Biden estava ciente de que o filho, em 2020, se utilizou do status do status do pai (ainda candidato na época) para fechar contratos com uma influente produtora de gás natural sediada na Ucrânia.
Embora Biden tenha abandonado a corrida presidencial deste ano, cedendo o lugar para sua vice, Kamala Harris, sua preocupação com bem-estar do seu filho e com a possível condenação pode trazer contornos negativos à sua carreira política de cinco décadas, meses antes de deixar a Casa Branca.