O jornal Financial Times anunciou nesta quinta-feira, 2, que não vai mais patrocinar o evento da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, no qual o presidente Jair Bolsonaro (PSL) será homenageado em duas semanas, em Nova York. Nesse jantar de gala, Bolsonaro receberá o prêmio “Pessoa do Ano”.
Um porta-voz do jornal confirmou ao The Guardian que o FT desistiu de financiar a cerimônia, mas acrescentou que pretende “manter uma parceria com a Câmara de Comércio Brasil-EUA” em outros eventos. Organizações de direitos LGBT têm protestado contra as companhias patrocinadoras do evento, alegando que o presidente brasileiro tem atitudes homofóbicas.
Mas outros setores também reagiram, e o FT não é o primeiro a recuar. A companhia aérea americana Delta desistiu de apoiar o evento, sem agregar comentários. A consultoria Bain & Company também fez adotou essa decisão. “Encorajar e celebrar a diversidade é um valor central para a Bain”, escreveu, em nota.
O Museu de História Natural, local onde o evento se dá há anos, recusou-se a abrir seu Salão da Vida dos Oceanos para o jantar a Bolsonaro. A instituição recebeu queixas de visitantes, colaboradores e até de funcionários contra a possibilidade de sediar uma premiação ao presidente brasileiro. Cientistas que trabalham no museu argumentaram que Bolsonaro contraria seus princípios e convicções sobre a preservação da floresta amazônica.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, agradeceu a instituição por sua decisão. “Bolsonaro é um homem perigoso. Seu racismo evidente, sua homofobia e decisões destrutivas terão um impacto devastador no futuro do nosso planeta. Em nome de nossa cidade, obrigado Museu de Nova York por cancelar este evento”, escreveu Blasio no Twitter.
Em seguida, um restaurante contatado pela Câmara como alternativa para sediar o jantar declinou ao negócio.
O evento está marcado para o dia 14 de maio, em Manhattan, Nova York. Cada convite custa 30.000 dólares. Antes de Bolsonaro, seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o governador de São Paulo, João Dória, receberam o mesmo prêmio.
“A escolha do presidente Bolsonaro é um reconhecimento de sua intenção fortemente enérgica de fomentar os laços comerciais e diplomáticos entre o Brasil e os Estados Unidos e seu compromisso firme de construir uma parceria forte e durável entre as duas nações”, insiste a Câmara de Comércio Brasileira-Americana em seu portal na internet.
Outras grandes empresas continuam listadas como patrocinadoras do jantar de gala, entre elas bancos como Morgan Stanley, Santander e HSBC.
Sarah Kate Ellis, presidente executiva da GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation), uma organização não-governamental americana em prol dos direitos LGBT, afirmou que sua entidade continuará com os protestos contra as companhias associadas à cerimônia.