O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou em relatório técnico divulgado nesta segunda-feira, 13, que o governo do presidente da Argentina, Javier Milei, “superou” as metas de aumento de reservas internacionais e de déficit fiscal, com resultados “melhores que o esperado para o primeiro trimestre” deste ano. Com isso, a Casa Rosada conquistou a oitava revisão do pacote de socorro de US$ 44 bilhões negociado pelos argentinos com o FMI em 2018, pelo então presidente Maurício Macri, e conseguiu liberar um desembolso de cerca de US$ 800 milhões.
Foi uma vitória no âmbito internacional para o ultraliberal, que nesta semana está focado em outra conquista a nível nacional: negociar apoio suficiente no Senado para aprovar sua polêmica “Lei Ônibus”. O pacote liberal se tornou uma das prioridades do governo, e inclui uma lista de privatizações, a concentração de alguns poderes nas mãos do executivo e uma pequena e polêmica reforma trabalhista.
“Melhor que o esperado”
Com tom elogioso, o relatório citou “esforços significativos” do governo para expandir a assistência social a mães e crianças vulneráveis, bem como para proteger o poder de compra das aposentadorias na Argentina. Em fevereiro, a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, já havia acenado a Milei, ressaltando a confiança do fundo em seus esforços para reformar a economia argentina em crise, apesar de “contratempos políticos”.
“Com base em resultados melhores do que o esperado – todos os critérios de desempenho para o primeiro trimestre foram ultrapassados - o corpo técnico do FMI e as autoridades argentinas chegaram a um entendimento sobre as políticas para continuar a fortalecer o processo de desinflação, reconstruir as reservas internacionais, apoiar a recuperação e manter o programa firmemente no bom caminho. Este entendimento está sujeito à implementação contínua das medidas políticas acordadas e à aprovação do Conselho Executivo do FMI”, observou o documento.
O fundo destacou as conquistas:
- O primeiro superávit fiscal trimestral em 16 anos;
- Rápida queda da inflação;
- Mudança na tendência das reservas internacionais;
- Forte redução do risco soberano (ameaça da Argentina não honrar o empréstimo bilionário).
Nas graças do ultraliberal
O fundo apoia Milei desde que ele assumiu o cargo, em dezembro, com o objetivo de atingir um déficit zero em 2024, mesmo que isso inclua um plano “motosserra” para cortar gastos.
Mas se o duro ajuste fiscal adotado pelo novo presidente ultraliberal tem o endosso do FMI, a inflação em quase 300% ao ano destruiu o poder de compra das famílias e o país deve ter uma contração do PIB projetada pela organização em 2,8% este ano.
Ressalva
Ainda assim, a organização alertou que a “qualidade” dos ajustes ainda precisa de ser melhorada, mensagem que vários responsáveis do FMI têm repetido.
“São necessários esforços contínuos para melhorar a qualidade e a equidade da consolidação fiscal, refinar os quadros de política monetária e cambial, bem como resolver os estrangulamentos ao crescimento”, completou o comunicado do fundo.
A número dois do FMI, Gita Gopinath, que esteve em Buenos Aires, elogiou o progresso do governo Milei, mas também pediu “planos para aprofundar o progresso” do programa e ainda proteger os cidadãos mais vulneráveis – mensagem que também vem do Tesouro dos Estados Unidos.