Forças de manutenção da paz lideradas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte, a principal aliança militar ocidental, supervisionaram nesta segunda-feira, 1, a remoção de bloqueios de estradas que manifestantes montaram no norte do Kosovo, na Europa, onde as tensões políticas aumentaram nos últimos dias.
A remoção das barricadas ocorreu depois que o governo kosovar adiou a implementação de uma decisão que obrigaria os sérvios étnicos, que são maioria no norte do país, a solicitar documentos e placas de carros emitidos por instituições nacionais.
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A situação reavivou novamente a tensão envolvendo Kosovo, alinhado com o Ocidente e reconhecido por mais de 100 nações, Sérvia e Rússia, que não reconhecem a independência do país e bloquearam suas tentativas de ingressar nas Nações Unidas. Além da ONU, o governo kosovar demonstrou interesse também em fazer parte da Otan, o que incomodou ainda mais sérvios e russos.
“A violência não será tolerada. Aqueles que usarem a violência serão punidos pelo estado de direito com força de lei”, disse o primeiro-ministro Albin Kurti a jornalistas nesta segunda.
Segundo a agência de notícias Reuters, grande parte dos bloqueios já foi removida, porém a passagem ainda não foi totalmente reaberta. Passados 14 anos desde que Kosovo declarou independência da Sérvia, cerca de 50.000 sérvios étnicos no norte ainda usam placas e documentos emitidos pelas autoridades de seu país de origem, recusando-se a reconhecer o governo kosovar.
Em protesto, foram estacionadas máquinas pesadas e caminhões nas estradas perto da fronteira sérvia no último domingo, 31, fazendo com que o governo local concordasse em adiar a nova política para 1º de setembro. Após essa data, os sérvios locais terão 60 dias para mudar para placas do Kosovo e aceitar documentos emitidos na fronteira para cidadãos sérvios, incluindo aqueles que vivem em território kosovar sem documentos locais.
“Agora, graças a Deus, alguma escalada foi evitada da noite para o dia, mas essa situação só foi adiada por um mês”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres nesta segunda.
As tensões com a Sérvia continuam altas e especialistas temem que o local possa ser o epicentro de um novo conflito armado na Europa. A Otan, que conta com cerca de quatro mil soldados no país, emitiu um comunicado dizendo estar preparada para intervir militarmente caso a estabilidade política fosse comprometida.
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Há um ano, um bloqueio semelhante aconteceu na mesma fronteira, fazendo com que o governo do Kosovo enviasse forças especiais para conter os manifestantes. Em resposta, Belgrado utilizou caças para sobrevoar a região.
Mediadas pela União Europeia, ambas as nações se comprometeram a buscar soluções para resolver as questões pendentes em 2013, porém pouco progresso foi feito de lá para cá.