A Autoridade Nacional Palestina afirmou nesta quinta-feira, 26, que as investigações sobre a morte da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, em 12 de maio, indicam que forças israelenses dispararam deliberadamente contra a repórter da rede al-Jazeera. As conclusões, rejeitadas por Tel Aviv, também foram anunciadas de forma similar pela rede CNN, em uma investigação paralela.
Correspondente de longa data da emissora, a repórter foi morta com um tiro na cabeça enquanto cobria ataques do Exército israelense na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada. O caso ganhou grande repercussão mundial e, pouco depois do anúncio das conclusões da investigação, a rede al-Jazeera anunciou que irá trabalhar com um escritório especializado para enviar o caso ao Tribunal Penal Internacional, citando o “assassinato a sangue frio” de sua funcionária.
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O procurador-geral da Palestina, Akram al-Khatib, disse que a jornalista vestia um colete que dizia ‘imprensa’ para sinalizar que era uma profissional da comunicação. Outros jornalistas também estavam no local. Ali al-Samoudi, do mesmo veículo, também foi baleado nas costas, mas está em condição estável.
“A única fonte de disparos foi pelas forças de ocupação com o objetivo de matar”, disse o procurador.
Al-Khatib informou também que as investigações foram baseadas em relatos de testemunhas, uma inspeção da cena e um relatório médico forense. Segundo ele, não haviam combatentes palestinos perto do local do assassinato, contradizendo as alegações de autoridades israelenses de que ela poderia ter sido morta por palestinos armados.
A autópsia e um exame forense realizados em Nablus, na Cisjordânia, após a morte de Abu Akleh mostraram que ela foi baleada por trás, indicando que estava tentando fugir enquanto as forças israelenses continuavam a disparar contra o grupo de jornalistas
Em uma investigação paralela, a emissora americana CNN anunciou conclusões similares após acesso a mais de 10 vídeos do incidente e de momentos antes e depois do ato. Segundo a rede, não houve qualquer combate ativo e não havia palestinos na região e, depois de conversas com testemunhas, afirmou que evidências indicam a morte deliberada da jornalista.
Em comunicado à imprensa, o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, rejeitou as conclusões e disse que acusações de que soldados israelenses “miram jornalistas ou aqueles que não estão envolvidos é uma mentira bruta”.
Em meio à tensão, na semana passada, a polícia de Israel repreendeu com cassetetes uma procissão durante o funeral de Shireen Abu Akleh, da Al Jazeera. Mais de cem pessoas se reuniram em frente ao hospital St. Joseph, em Jerusalém, antes do enterro, e começaram a carregar o caixão de Abu Akleh a pé para a Igreja Ortodoxa Grega.