As negociações entre os rebeldes instalados no sul da Síria, alvos de uma ofensiva do regime há mais de duas semanas, e a Rússia, determinada a devolver o controle da região ao governo sírio, fracassaram nesta quarta-feira 4.
“Fracasso das negociações com o inimigo russo”, anunciou em sua conta no Twitter uma célula que reúne as diferentes facções rebeldes presentes no sul do país em guerra. “As negociações não levaram a nenhum resultado (…) Nenhuma nova data foi fixada” para a retomada do diálogo, indicou o porta-voz dessa célula, Ibrahim al-Jabbawi.
A última operação militar síria e russa, lançada em 19 de junho pelo regime na província de Daraa, permitiu que o governo avançasse consideravelmente nessa região, graças a letais bombardeios ou mediante acordos de “reconciliação” patrocinados por Moscou.
A rodada de negociações desta quarta-feira era vista como crucial: “seja porque as facções podem aceitar o acordo, seja porque a ofensiva militar pode ser retomada”, havia indicado uma fonte da oposição ligada às negociações na cidade de Daraa, onde os bombardeios cessaram há vários dias.
“Na terça-feira, a delegação russa advertiu os grupos rebeldes que esta quarta seria o último dia para negociar e que teriam de apresentar sua resposta final”, disse a fonte, pedindo para não ser identificada. As partes envolvidas tiveram discussões até a meia-noite de ontem, durante as quais os russos teriam rejeitado as demandas da delegação rebelde.
Os russos rejeitam “o translado de combatente ou civis” para outras zonas insurgentes da Síria, indicou a fonte, diferentemente do que havia acontecido após a reconquista de outros redutos rebeldes.
A Rússia exigia o abandono, por parte dos rebeldes, das armas pesadas e medianas e “o retorno do Exército (sírio) a seus quartéis”. Para os russos, o Exército sírio deve recuperar suas posições anteriores a 2011, quando a guerra teve início. A Polícia Militar russa apoiará a corporação local nessa zona.
Na terça-feira, ao longo de dez horas de tensas negociações, os rebeldes propuseram um cessar-fogo global, seguido do abandono imediato das armas pesadas naquela região. Além de reivindicar o transporte dos combatentes e de suas famílias a outras regiões insurgentes, o grupo exigia a retirada das forças do regime das zonas que conquistaram em sua última ofensiva.
(Com AFP)