Uma série de novos protestos contra a reforma previdenciária tomaram as ruas da França nesta quinta-feira, 13. A mobilização acontece um dia antes da divulgação do resultado sobre a constitucionalidade da lei, que aumentaria a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos.
Em Paris, principal cidade turística do país, os manifestantes invadiram a sede da gigante de luxo LVMH, detentora de marcas como Louis Vuitton e Tiffany, em meio ao crescimento recorde das ações da empresa. Laurentz Nunes, chefe de polícia da cidade, disse que os manifestantes teriam como foco destruir “o que eles veem como sinais capitalistas”, em entrevista à rádio francesa RMC.
EARLIER: Protesters briefly stormed the Paris headquarters of LVMH ahead of a union-led march against Macron’s pension reform https://t.co/lr8Cdy1947 pic.twitter.com/haAn1DOtjX
— Bloomberg (@business) April 13, 2023
De acordo com a rede de notícias CNN, a polícia entrou em confronto direto com os manifestantes e utilizou bombas de gás lacrimogêneo, enquanto os manifestantes dispararam sinalizadores ao redor do edifício do Conselho Constitucional, onde ocorrerá a votação sobre a legitimidade da nova legislação.
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Nunez havia ordenado, previamente, a proibição de protestos nos arredores da corte de quinta-feira até a manhã de sábado. A expectativa é de que até 600.000 cidadãos participem da ação ainda nesta quinta-feira, 13.
Na contramão da ordem, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, apoiou a luta contra a mudança na idade mínima de aposentadoria.
“Na véspera da decisão do Conselho Constitucional, estou mais uma vez apoiando as mobilizações em Paris e em toda a França”, relatou Hidalgo.
Apesar dos protestos, até então, não serem majoritariamente violentos, a polícia francesa disse estar preparada para conter as manifestações, caso necessário. O presidente da França, Emmanuel Macron, segue na defesa da reforma para tomar as rédeas das finanças públicas e disse que “o país deve continuar avançando”.
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No mês passado, Macron passou a lei impopular sem uma votação na câmara dos deputados da França, invocando um artigo constitucional. A decisão só pode ser revertida pelo Conselho Constitucional, órgão responsável por analisar se a lei está em conformidade com a Carta Magna.
“Enquanto a reforma previdenciária não for revogada, a mobilização continuará de uma forma ou de outra”, alertou Sophie Binet, a líder do GGT, um dos principais sindicatos do país.
Ao optar por contornar o Parlamento, o presidente francês instaurou uma crise interna e aumentou a desconfiança em relação ao governo. Um levantamento recente do Instituto de Pesquisa de Opinião e Marketing na França e no Exterior (Ifop) revelou que os eleitores estão mais propensos a votar na líder de extrema-direita Marine Le Pen do que na atual administração.