Em café da manhã com deputados da bancada ruralista na manhã desta quinta-feira, 4, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a pressão da Alemanha e da França sobre a política ambiental brasileira. Para Bolsonaro, Emmanuel Macron e Angela Merkel não têm “autoridade para discutir questão ambiental”.
O presidente reforçou também “sua lealdade” aos membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Segundo Bolsonaro, a maior demonstração de que seu governo está ao lado da bancada ruralista é a indicação de um ministro para o Meio Ambiente “casado” com o agronegócio, em referência a Ricardo Salles.
“Imaginem o inferno que seria a vida de vocês se tivéssemos um ministro do Meio Ambiente como os anteriores. Tivemos a oportunidade e bom senso de escolher ministro para Meio Ambiente que casa questão ambiental com desenvolvimento”, enfatizou o presidente durante encontro com os deputados no Palácio do Planalto.
Alemanha e França
“Em Osaka no G-20, convidei Emmanuel Macron e Angela Merkel para sobrevoar a Amazônia. Se eles encontrarem um km² de desmatamento entre Boa Vista e Manaus, concordaria com eles na questão ambiental. Sobrevoei a Europa, já por duas vezes, e não encontrei um km² de floresta”, afirmou Bolsonaro.
“Diante disso, Merkel e Macron não têm autoridade para discutir questão ambiental com o Brasil”, completou o presidente.
O presidente afirmou ainda que a Alemanha não vai cumprir o Acordo de Paris no que diz respeito à energia fóssil e garantiu que o Brasil tem “quase tudo para cumprir o Acordo”. “Faremos o que for possível”, prometeu.
A Alemanha anunciou em janeiro uma de meta acabar com sua dependência de usinas de carvão até 2038. Atualmente, os combustíveis fósseis ainda são responsáveis por gerar aproximadamente 40% de toda a energia do país.
Ante da reunião de cúpula do G20, Angela Merkel reprovou as políticas ambientais do governo brasileiro e afirmou que desejava ter uma “discussão clara” com Bolsonaro. Em resposta, o presidente disse que os alemães “têm a aprender muito conosco”.
O líder brasileiro também sofreu pressão de Macron, que condicionou a assinatura do acordo de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul à permanência do Brasil no Acordo de Paris.
Líder indígena Raoni
Nesta quarta, Bolsonaro disse que a maneira do Brasil se portar diante do resto do mundo mudou. “Durante décadas, com conivência de chefes de Estado, tivemos um péssimo conceito ambiental no exterior. Agora isso não vai continuar”, defendeu, afirmando que os líderes da Alemanha e da França “achavam” que estavam tratando com governos anteriores em Osaka.
“Esses chefes de Estado, achavam que iam chegar no Brasil demarcando dezenas de áreas indígenas, quilombolas e de proteção após a reunião. Macron, por exemplo, queria que anunciasse junto com Raoni (Metuktire, líder indígena) decisões para questões ambientais. Dei um rotundo não ao Macron sobre reunião com Raoni” relatou o presidente.
O líder indígena se encontrou com o presidente francês em maio. Raoni também teve uma reunião com o papa Francisco no Vaticano e aproveitou sua viagem pela Europa para tentar arrecadar 1 milhão de euros a serem destinados à proteção da reserva indígena do Xingu, na Amazônia.
Ainda sobre o líder indígena, Bolsonaro afirmou não reconhecer sua autoridade no Brasil e disse que ele é um cidadão como qualquer outro. “Raoni não é autoridade para estar ao meu lado e anunciar decisões sobre o Brasil”, argumentou o presidente.
Além dos deputados da FPA, também estiveram presentes no café da manhã o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Antonio de Oliveira Francisco, o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da Republica, Luiz Eduardo Ramos, entre outros.
(Com Estadão Conteúdo)