Mais de 200 candidatos de centro e de esquerda desistiram de disputar o segundo turno das eleições legislativas na França até esta quarta-feira, 3, na tentativa de evitar uma pulverização de votos e impedir que a extrema direita conquiste a maioria absoluta na Assembleia Nacional.
No final do primeiro turno, no último domingo 30, foram traçadas 306 disputas entre três candidatos no segundo turno. O número é elevado – nas eleições legislativas de 2022, houve apenas oito. A desistência de um dos candidatos é uma estratégia para unificar o voto contra nomes do Reagrupamento Nacional (RN), partido de extrema direita de Marine Le Pen e Jordan Bardella, que saiu na frente com 33% dos votos na primeira rodada.
Em segundo lugar, ficou a coalizão de esquerda Nova Frente Popular, obtendo 28% dos votos. Já o grupo centrista do presidente Emmanuel Macron, Juntos, amargou a terceira posição, com 20% de apoio.
Nesta terça-feira, quando o prazo para desistência fechou, 221 candidatos haviam desistido da disputa, incluindo 132 de esquerda e 83 da coalizão centrista de Macron. Além disso, dois candidatos dos Republicanos, de centro-direita, três do RN e um candidato independente deixaram a corrida.
Le Pen condenou a iniciativa de seus opositores. “O ato de se retirar (da eleição) e dar instruções de voto demonstra o pior desprezo pelos eleitores”, disse ela nesta terça-feira.
Apesar da vitória no primeiro turno, as projeções sugerem que o RN provavelmente não alcançaria a maioria absoluta de 289 assentos na Assembleia Nacional. A legenda de extrema direita deve obter entre 230 e 280 cadeiras, ainda um salto considerável em relação às atuais 88.
Desistências
A Nova Frente Popular prometeu retirar todos os seus candidatos que ficaram em terceiro lugar no primeiro turno. Leslie Mortreux, única pessoa trans classificada para a disputa pela legenda, desistiu para dar uma chance maior de vitória ao atual ministro do Interior, Gérald Darmanin, em um distrito eleitoral no norte da França.
Apesar de mais de 80 candidatos centristas do Juntos terem saído da corrida, alguns aliados de Macron foram mais relutantes em adotar a estratégia. O ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, foi fortemente criticado pela esquerda ao afirmar que nenhum voto deveria ir para a extrema direita, mas que ele pessoalmente também não votaria na extrema esquerda, se referindo ao França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, que faz parte da coalizão da Nova Frente Popular.