França: Macron deve perder maioria absoluta em eleições parlamentares
Para aprovar reformas, presidente francês vai depender de acordos com coalizão entre verdes e socialistas, além de negociar também com conservadores
Neste domingo, 19, a França foi às urnas para a última rodada de eleições parlamentares. É o teste de fogo para o presidente Emmanuel Macron e seu partido, o Em Marcha!, que precisa de maioria para implementar reformas internas ambiciosas. Macron foi reeleito em abril, ao derrotar a candidata de ultradireita, Marine Le Pen. As projeções iniciais, após o fechamento da votação, mostram que ele deve perder sua margem de conforto.
As eleições tinham como objetivo escolher os 577 membros da Assembleia Nacional, o ramo mais influente do Parlamento da França.Na votação do primeiro turno, na semana passada, uma coalizão liderada por Jean-Luc Melenchon, associado à extrema esquerda, surpreendeu, causando nervosismo nos aliados centristas e de centro-direita de Macron.
Pesquisas previam que o campo de Macron acabaria com o maior número de assentos, mas que não havia garantia de atingir o limite de 289 para uma maioria absoluta. Os levantamentos também apontavam que a extrema direita provavelmente teria seu maior sucesso parlamentar em décadas, enquanto uma ampla aliança entre verdes e esquerda poderia se tornar o maior grupo de oposição. Os conservadores garantiriam posição privilegiada.
Agências estimaram que os centristas de Macron podem assegurar de 200 a 260 assentos e a coalizão de esquerda Nupes, liderada por Melénchon, deve garantir de 149 a 200.Espera-se que o partido de extrema-direita Rally Nacional de Marine Le Pen, derrotada nas eleições presidenciais, aumente sua pequena presença parlamentar, mas permaneça bem atrás.
Macron fez um apelo aos eleitores no início da semana passada, antes de uma viagem à Romênia e à Ucrânia, alertando que uma eleição inconclusiva, colocaria a nação em perigo. “Nestes tempos difíceis, a escolha que você fará neste domingo é mais crucial do que nunca”, disse ele na terça-feira, antes de uma visita às tropas francesas estacionadas perto da Ucrânia. “Nada seria pior do que adicionar a desordem francesa à desordem mundial.”
Se Macron não conseguir a maioria, não afetará simplesmente a política doméstica da França, poderá ter ramificações em toda a Europa. Analistas preveem que o líder francês terá que passar o resto de seu mandato se concentrando mais em sua agenda doméstica do que em sua política externa. Poderia significar o fim do presidente Macron, o estadista continental.