‘Francamente, nós já ganhamos esta eleição’, diz Trump
Diante dos números parciais, ainda em apuração e sem um vencedor claro, o presidente acusou, sem provas, partido adversário de fraude eleitoral
Em clima de festa na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que “um triste grupo de pessoas” está tentando minimizar a vontade de boa parte dos americanos. Diante dos números parciais, ainda em apuração e sem um vencedor claro, o presidente acusou na madrugada desta quarta-feira, 4, o partido adversário de fraude eleitoral, mesmo sem provas, e disse já ter vencido a disputa, prometendo ir à Suprema Corte para parar a contagem de votos no país.
O republicano candidato à reeleição citou suas vitórias nos estados da Flórida, onde pesquisas indicavam uma ligeira vantagem de Biden, e Texas como evidências de que sua campanha foi vitoriosa. Junto a sua esposa, Melania, e ao vice-presidente Mike Pence, Trump também reivindicou para si o estado da Carolina do Norte, onde o resultado ainda está em aberto.
“Eles sabiam que não poderiam vencer, e por isso vamos à Suprema Corte. Tenho dito isso desde o dia que ouvi que mandariam dezenas de milhões de votos [antecipados pelo correio]”, disse. “Isto é uma fraude com o público americano, estamos preparados para vencer essa eleição. Francamente, nós já ganhamos esta eleição”
“Nós vamos à Suprema Corte”, acrescentou, seguindo uma narrativa que já vinha indicando nas últimas semanas. “Queremos que todas as votações parem”, disse o presidente, em uma aparente referência à apuração dos votos emitidos por correio, que podem ser aceitos legalmente pelos comitês eleitorais estaduais depois de terça-feira, caso tenham sido enviados no prazo.
Quase nove pontos atrás de Joe Biden na média das pesquisas nacionais, o presidente reiteradamente colocou dúvidas sobre a integridade do processo, afirmando que a votação via correios levaria a fraudes, sem apresentar provas.
Devido à pandemia de Covid-19, o número de pessoas que votou pelo correio nos Estados Unidos aumentou muito em relação aos últimos pleitos. Em uma pesquisa feita em julho, quase dois terços dos entrevistados disseram que usariam a modalidade neste ano, maior que a proporção de um em cada quatro eleitores nas últimas duas eleições federais. Quatro anos atrás, 57 milhões de eleitores votaram cedo, de acordo com o site da Comissão de Assistência Eleitoral dos Estados Unidos.
Isso fez com que organizações que encorajam a participação no processo eleitoral pedissem que as pessoas parassem de enviar os votos por correspondência para não sobrecarregar o Serviço Postal americano e atrasar a contagem. Contudo, a Suprema Corte já permitiu que cédulas pelo correio sejam aceitas depois do dia 3 de novembro na Pensilvânia e Carolina do Norte.
No último domingo, em coletiva de imprensa, Trump havia negado que declararia uma vitória antecipada, taxando a notícia de “fake news”. Mesmo assim, ele afirmou que está preparado para enviar uma equipe de advogados para disputar votos em swing states, onde a disputa é acirrada, como a Pensilvânia. O presidente também havia criticado decisões da Suprema Corte que permitiram a contagem de votos por correspondência após o dia 3 de novembro em alguns estados, dizendo ser “terrível” não saber os resultados na noite da votação.
A reivindicação de vitória, no entanto, não tem validade legal e a disputa continua em aberto, com votos ainda sendo apurados na maior parte dos estados. Às 05h00 desta quarta, Biden somava, segundo a imprensa local, 220 dos 270 votos necessários no Colégio Eleitoral americano. Trump, por sua vez, somava 213 pontos.
Nesse sistema, cada estado recebe um certo número de votos baseado no tamanho de sua população. Há 538 votos em disputa, e o vencedor precisa receber 270 deles ou mais.
Os primeiros resultados, com base em projeções da imprensa americana, atribuem até o momento vitória a Trump em 23 estados, incluindo Indiana, Kentucky, Tennessee e Virgínia Ocidental – estados em que ele venceu em 2016.
Biden venceu em 21 estados, incluindo seu reduto, Delaware, e Nova York, com seus 29 votos ao colégio eleitora, e o Distrito de Columbia, com 3 votos, mas com importância simbólica porque é onde fica a capital americana.