Trabalhadores e líderes de sindicatos voltaram às ruas nesta quinta-feira, 6, para protestar contra a reforma previdenciária de Emmanuel Macron, presidente da França, que aumentou a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos. Apesar dos sinais de que a força do movimento havia diminuído, centenas de milhares de franceses aderiram ao 11º protesto em três meses.
Segundo a companhia ferroviária nacional, três em cada quatro trens de alta velocidade estarão operando normalmente nesta quinta-feira, além de um em cada dois trens expressos regionais. O Ministério da Educação também afirmou que apenas 8% dos professores aderiram à greve, número expressivamente inferior aos dias anteriores.
Na semana passada, o último dia de manifestações atraiu cerca de 740 mil pessoas em toda a França. Nesta quinta-feira, espera-se que o número seja menor.
Apesar das autoridades de Paris assegurarem que o tráfego local está dentro da normalidade, houve bloqueios breves no trânsito. Trabalhadores do setor de eletricidade também continuam com os cortes de energia em edifícios oficiais, como a prefeitura de Lyon.
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Paris, que esteve entulhada de lixo durante a greve dos coletores nas últimas semanas, planeja mais manifestações para a próxima semana. De acordo com a chefe do sindicato Confederação Geral do Trabalho, Sophie Binet, as ações contra a reforma previdenciária são uma “maratona”, não um tiro de 100 metros.
A retoma dos protestos acontece um dia depois da reunião entre Élisabeth Borne, a primeira-ministra de Macron, e os líderes dos principais sindicatos trabalhistas. O encontro durou apenas uma hora e não resultou em um consenso entre os dois polos.
“[O governo] está vivendo em uma realidade paralela”, disse Binet.
No mês passado, Macron aprovou a lei impopular sem uma votação na câmara dos deputados da França. A decisão só pode ser revertida pelo Conselho Constitucional, órgão responsável por analisar se a lei está em conformidade com a Carta Magna. O resultado da revisão deve ser divulgado na próxima semana.
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Ao optar por contornar o parlamento, o presidente francês instaurou uma crise interna e aumentou a desconfiança em relação ao governo. Um levantamento recente do Instituto de Pesquisa de Opinião e Marketing na França e no Exterior (Ifop) revelou que os eleitores estão mais propensos a votar na líder de extrema direita Marine Le Pen do que na atual administração.
De acordo com Laurent Berger, chefe da Confederação Francesa Democrática do Trabalho, a mistura entre descontentamento da população e avanço da extrema direita no país pode trazer prejuízos.
“Se esses não são todos os ingredientes de uma crise democrática, não sei o que é”, declarou.