O Google anunciou nesta quinta-feira, 18, que demitiu 28 funcionários que haviam protestado contra um contrato entre a empresa e o governo de Israel na terça-feira.
Os protestos foram organizados pelo grupo No Tech For Apartheid, que defende a criação de um Estado da Palestina e pede que Google e a Amazon encerrem o contrato de US$ 1,2 bilhão, conhecido como Projeto Nimbus, para fornecer serviços de computação em nuvem ao governo israelense.
Os funcionários foram demitidos por realizarem manifestações dentro dos escritórios do Google em Nova York e Sunnyvale, erguendo cartazes com as frases “Não ao genocídio com fins lucrativos” e “Nós estamos com os Googlers palestinos, árabes e muçulmanos”. O grupo fez uma postagem no X, antigo Twitter, mostrando que também invadiu o escritório do CEO do Google Cloud, Thomas Kurian.
“Este flagrante ato de retaliação é uma indicação clara de que o Google valoriza seu contrato de US$ 1,2 bilhão com o governo e as forças armadas genocidas de Israel mais do que seus próprios funcionários”, disse a No Tech For Apartheid sobre as demissões.
Pronunciamento do Google
Um porta-voz do Google afirmou que os protestos “faziam parte de uma campanha de longa data de um grupo de organizações e pessoas que em grande parte não trabalham” na empresa.
“Um pequeno número de funcionários manifestantes invadiu alguns de nossos escritórios. Impedir fisicamente o trabalho de outros funcionários e impedi-los de acessar nossas instalações é uma clara violação de nossas políticas e um comportamento completamente inaceitável”, disse o porta-voz.
Segundo ele, os manifestantes foram retirados dos escritórios depois de se recusarem a deixar as instalações, e a empresa continua investigando o caso. O Google Cloud “apoia vários governos em todo o mundo, incluindo o governo israelense”, afirmou o porta-voz.
Contrato com Israel
Apesar do Google Cloud ter um acordo com Israel desde 2021 para fornecer “serviços de nuvem pública para ajudar a enfrentar os desafios do país no setor público, incluindo saúde, transporte e educação”, os protestos contra a empresa foram desencadeados pela publicação de uma reportagem na revista Time no início deste mês, em que o Ministério da Defesa do país foi apontado como cliente desse setor da empresa.
De acordo com a Time, o Google forneceu ao ministério israelense um ponto de entrada seguro para a infraestrutura de computação da empresa, com acesso a serviços de inteligência artificial e processamento de dados.
“Este trabalho não é direcionado a cargas de trabalho sensíveis ou militares relacionadas com armas ou serviços de inteligência”, enfatizou o porta-voz.
No entanto, a organização No Tech For Apartheid alega que o relatório da Time mostrou que o contrato com os militares de Israel dobrou desde o início da guerra contra o Hamas em Gaza, e que o Google construiu “ferramentas personalizadas” para o Ministério da Defesa de Israel.