Governo Bolsonaro espera que EUA barrem conversa sobre Amazônia no G7
Para presidente brasileiro, discutir o tema sem a presença do país seria uma violação à soberania nacional
Com a ligação de Donald Trump ao presidente Jair Bolsonaro, o governo brasileiro espera que os Estados Unidos indiquem, durante o G7, que só aceitarão discutir os incêndios na Amazônia com a presença e participação do Brasil. O tema, segundo interlocutores do governo brasileiro, foi tratado na conversa entre os dois presidentes. A visão é de que os EUA apoiam uma postura de soberania do Brasil – e podem se opor à intenção de líderes europeus, como o francês Emmanuel Macron, de debater o assunto no encontro.
O governo brasileiro está seguro de que o americano, junto de outros países, vai barrar qualquer tentativa de levantar o assunto. A previsão é de que Japão e Itália endossem a necessidade de participação do Brasil em eventual discussão sobre a Amazônia.
Trump tem se mantido em lado oposto aos europeus no debate de proteção ambiental. Ele retirou os EUA do Acordo de Paris e, em junho, durante o G20, mais uma vez se manteve isolado diante da renovação de compromisso dos demais países em tomar medidas para conter a mudança climática.
No final de sexta-feira, Trump se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto, em tom diferente do adotado por Macron ou pela chanceler alemã, Angela Merkel. No lugar da cobrança ao presidente brasileiro, como feito pelos europeus, Trump disse que os EUA estão dispostos a ajudar o Brasil e que a relação entre os dois países está “mais forte do que nunca”.
Além de EUA, Japão e Itália, o Brasil conta com o Reino Unido para desempatar o debate e defender que o assunto seja discutido com a participação do Brasil. Na sexta-feira, o premiê britânico Boris Johnson, divulgou nota na qual disse estar profundamente preocupado com os incêndios e o impacto das chamas na natureza.
Trump, segundo fontes do Planalto, defendeu a soberania do Brasil no assunto ao conversar com Bolsonaro. Desde que as queimadas na Amazônia atraíram pressão da comunidade internacional, o governo tem defendido a tese de que seria uma violação à soberania brasileira discutir o assunto no G7, sem a presença do Brasil.
Os EUA e Israel ofereceram ajuda ao Brasil, mas, até agora, o País não fez nenhuma sinalização aos americanos. O Brasil não pretende solicitar ajuda externa. A ideia é que, se for necessário, seja coordenado o apoio entre os países da região amazônica.