O governo da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, ordenou na segunda-feira 13 que o conselho municipal de Milão pare de registrar filhos de pessoas mesmo sexo, reacendendo um debate em torno da agenda conservadora da extrema-direita italiana.
O prefeito de centro-esquerda de Milão, Giuseppe Sala, afirmou que recebeu uma carta do Ministério do Interior pedindo que a prefeitura parasse de permitir que pais do mesmo sexo registrem seus filhos. Segundo Sala, os pais poderiam obter reconhecimento legal apenas com a aprovação explícita de um tribunal para uma adoção.
Sala argumentou em um podcast gravado nesta terça-feira, 14, que respeitaria a ordem, mas continuaria lutando politicamente para garantir que os direitos dos pais homoafetivos e de seus filhos fossem reconhecidos.
Em 2016, o país legalizou uniões civis entre pessoas do mesmo sexo e passou por cima da forte oposição de católicos e conservadores. No entanto, o governo, temendo que a medida encorajasse “barrigas de aluguel”, não legalizou adoção por casais homoafetivos.
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Assim, na ausência de uma legislação clara sobre o assunto, alguns tribunais permitiram que casais do mesmo sexo adotassem crianças. Algumas prefeituras, incluindo a de Milão, chegaram a registrar casais do mesmo sexo como os pais.
Tida como defensora dos valores cristão tradicionais, Meloni chegou ao poder denunciando o que ela chama de “ideologia de gênero” e “lobby LGBT”. A última medida restritiva aos casais homossexuais foi amplamente criticada por ativistas da causa LGBTQIA +.
“A proibição é uma das manifestações mais concretas da fúria que a maioria de direita está desencadeando contra as pessoas LGBTI”, argumentou o secretário-geral do maior grupo de direitos LGBT+ da Itália – Arcigay –, Gabriele Piazzoni à agência de notícias Reuters.