Comitiva formada pelos ministros da Defesa, Cidadania, Transparência, Saúde, Educação e da Secretaria Nacional da Justiça anunciou na quinta-feira 17, em Boa Vista, que a Operação Acolhida, de assistência a refugiados venezuelanos que migram para o Brasil, será prorrogada por mais 12 meses. O término dessas ações estava previsto para março.
Durante todo o dia, a comissão de ministros visitou as instalações do quartel general da Força-Tarefa Logística Humanitária, responsável pelo acolhimento dos refugiados venezuelanos no Estado e localizado dentro da Base Aérea de Boa Vista. No local funcionam dois abrigos e o posto de triagem de atendimento aos migrantes.
A postergação da Operação Acolhida indica um novo consenso no governo de Jair Bolsonaro sobre a imigração venezuelana. Primeiro, que a crise humanitária na Venezuela pressionará mais cidadãos a pedir refúgio no Brasil, pela fronteira terrestre de Pacaraima , nos próximos meses. Segundo, que as declarações do próprio presidente em favor da restrição do ingresso de imigrantes não encontraram respaldo nos fatos. Mais de 65.000 venezuelanos pediram refúgio no Brasil até o final de setembro.
“Como vamos virar as costas para quem procura um prato de comida? É uma questão de ajuda humanitária”, afirmou o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, ao ser questionado sobre possível ação mais rigorosa na fronteira. “Não há possibilidade de fechamento da fronteira agora. Mas não temos bola de cristal. Esperamos que a situação na Venezuela vá evoluir para melhor.”
Azevedo e Silva não revelou o valor que será investido na ação. De acordo com o general Eduardo Pazuello, que comanda a Operação Acolhida em Roraima, o montante já alocado pelo governo garante as atividades até março deste ano. Por enquanto, não há estudos sobre os custos adicionais.
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, informou que os municípios de outros Estados que se dispuserem a receber os migrantes no processo de interiorização também poderão receber benefícios do governo federal – não somente de recursos. A transferência de refugiados venezuelanos para outros lugares do país tem sido a alternativa do governo e de entidades internacionais para reduzir a pressão social em Boa Vista, Pacaraima e outras cidades de Roraima.
O governo federal estuda a instalação de creches voltadas especificamente para os refugiados venezuelanos nas cidades que os acolherem. Uma discussão com os municípios será realizada antes do anúncio oficial de qualquer atividade.
Os ministros se reuniram com o governador do Estado, Antonio Denarium (PSL) e, nesta sexta-feira 18, seguiram para Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.