Governo Trump intensifica ofensiva contra Harvard e abre investigação sobre intercâmbios
Em nova investida contra a instituição de ensino, governo dos EUA mira vistos concedidos para estudantes estrangeiros

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou nesta quarta-feira, 23, sua ofensiva contra a Universidade Harvard ao abrir uma investigação sobre os programas de intercâmbio da instituição. A suspeita, segundo a Casa Branca, é de que a universidade esteja violando normas federais ao conceder vistos para estudantes e professores estrangeiros, supostamente em desacordo com os interesses do país. Outras cinco instituições também estão sendo investigadas.
Em carta enviada ao reitor de Harvard, Alan Garber, e obtida pelo New York Times, o Departamento de Estado alertou que o programa de visitantes da universidade pode representar uma ameaça à segurança nacional e contrariar os objetivos da política externa americana. “Para manter o privilégio de patrocinar visitantes de intercâmbio, os programas não podem prejudicar os interesses dos EUA”, afirma o texto, assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio.
De acordo com o documento, a universidade terá uma semana para entregar os registros dos participantes e poderá perder o credenciamento necessário para emitir vistos estudantis, especialmente chineses, apesar da declaração do próprio presidente Donald Trump de que os estudantes chineses são bem-vindos nos EUA, como parte de seu acordo comercial com Pequim.
Paralelamente, o Departamento de Educação apura se as outras cinco universidades investigadas — Louisville, Nebraska Omaha, Miami, Michigan e Western Michigan — estariam favorecendo alunos estrangeiros na distribuição de bolsas de estudo, em detrimento de cidadãos americanos, por meio de um programa que protege jovens imigrantes indocumentados.
No centro da crise, Harvard recorreu aos tribunais. Em uma ação em curso, a instituição acusa o governo de interferência ilegal na liberdade acadêmica e na autonomia universitária. Os advogados da universidade pedem a suspensão do bloqueio de 2,2 bilhões de dólares em fundos voltados a bolsas de estudo e contestam a tentativa de cancelar sua habilitação como patrocinadora de vistos. Caso a medida seja mantida, mais de um quarto do corpo discente poderá ser afetado.
As medidas recentes se somam a outras ações contra Harvard desde que o líder americano reassumiu a presidência. Nos últimos meses, a instituição foi acusada pela Casa Branca de ser conivente com manifestações antissemitas em apoio à Palestina. Em resposta a protestos de estudantes contra a guerra em Gaza, o Departamento de Segurança Interna chegou a intimar a universidade a fornecer informações sobre estrangeiros matriculados. O governo também ameaçou cassar sua certificação e congelou mais de 3,2 bilhões de dólares em verbas federais da instituição.