Grécia nega ter matado refugiado sírio na fronteira com a Turquia
Fluxo de imigrantes que tentam chegar à Europa a partir da Turquia gera conflitos na fronteira
O porta-voz do governo da Grécia, Stelios Petsas, negou nesta quarta-feira, 4, que autoridades gregas tenham atirado e matado um refugiado sírio na fronteira com a Turquia. A acusação veio do governo da província turca de Edirne, na divisa dos dois países, onde há confrontos entre solicitantes de refúgio e tropas europeias.
“A Turquia fabrica e propaga fake news (notícia falsa) contra nosso país”, Petsas disse. “E hoje fabricou mais uma na qual alega que houve feridos a partir de disparos gregos.”
Milhares de refugiados na Turquia se aproximam da fronteira com a União Europeia desde o anúncio do presidente turco, Recep Erdogan, de não mais impedir a travessia. A decisão contraria o acordo de 2016 entre o país e Bruxelas.
Como resposta, a Bulgária deslocou cerca de 1.000 militares para reforçar a fronteira, enquanto a Grécia aumentou o patrulhamento e disse que não iria aceitar novas solicitações de refúgio. O país recebeu o apoio financeiro da União Europeia, mas foi condenado pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Não demorou muito para os refugiados entrarem em confronto com as forças de segurança da Grécia. Sem terem para onde ir, os imigrantes tentaram furar o bloqueio por terra e mar. Vídeos nas redes sociais mostram o momento em que um barco da Guarda Costeira grega tenta impedir que um bote inflável lotado de pessoas atravessasse o Mar Egeu em direção à ilha de Lesbos. Um militar chegou a disparar sua arma na água, próximo ao barco.
A tentativa de travessia pelo mar já custou a morte de uma criança, provocada por acidente relacionado à embarcação na qual ela e outras 46 pessoas viajavam na segunda-feira 2. A Guarda Costeira grega acusa os imigrantes de terem tombado propositalmente o barco no momento em que uma das forças de segurança da Grécia se aproximava.
O fluxo de imigrantes em direção à Europa reacende o temor de uma nova crise de refugiados, como a de 2015. Na Síria, uma ofensiva do presidente Bashar Assad contra a última província controlada pela oposição levou quase 1 milhão de pessoas a deixarem suas casas e rumarem em direção à Turquia.
Erdogan, por sua vez, inundou o país vizinho com milhares de tropas e equipamentos para ajudar os rebeldes na luta contra Assad e pressiona tanto a Europa quanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para atuarem contra o regime sírio.