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Greve geral na Colômbia marca desaprovação ao governo de Duque

Sindicatos, estudantes, indígenas e opositores realizam marchas em Bogotá, Cali e Medelín

Por Da Redação
Atualizado em 21 nov 2019, 14h55 - Publicado em 21 nov 2019, 14h19
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  • O presidente da Colômbia, Iván Duque, enfrenta nesta quinta-feira, 21, uma greve geral contra seu governo. Sindicatos, estudantes, indígenas e opositores realizam marchas em Bogotá, Cali e Medelín.

    Desde as primeiras horas da manhã, grupos bloqueiam grandes avenidas na capital. Os manifestantes também impediram a saída de ônibus de seus estacionamentos.

    Segundo a empresa Trasnmilenio, que administra os transportes em Bogotá, apenas 13 das 138 estações de ônibus estão funcionando. O metrô está fechado há três horas.

    No início da tarde, milhares de estudantes iniciaram uma marcha em direção à Universidade Nacional da Colômbia.

    “O governo não investe na educação por medo da emancipação” ou “mais salários, menos impostos”, dizem alguns dos cartazes dos estudantes da Universidade Pedagógica da Colômbia, que deixaram a área financeira de Bogotá em direção à praça Bolívar.

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    Foram registrados incidentes em Suba, um bairro no noroeste de Bogotá, onde há atritos entre o Esquadrão Policial Anti-Motim (Esmad) e manifestantes que bloquearam a principal avenida da região, que dá acesso às estações do sistema de transporte público.

    No tradicional bairro de Chapinero, em Bogotá, homens encapuzados jogaram tinta nas estações de ônibus. Eles também escreveram palavras de ordens contra o governo em ônibus e rasgaram plásticos com os quais alguns comerciantes tentavam proteger suas empresas.

    Na cidade de Cali, a sudoeste da capital, atos de vandalismo foram registrados. Manifestantes derrubaram um semáforo e atacaram um terminal de ônibus.

    Enquanto isso, em Cartagena das Índias, a maior parte do comércio amanheceu fechada na Avenida Pedro de Heredia, onde uma multidão se move em direção ao centro histórico.

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    Com uma gama diversificada de demandas e reivindicações, os manifestantes colombianos se juntam à onda de agitação social, sem um denominador comum, que abalou recentemente o Equador, o Chile e a Bolívia.

    “O protesto social pacífico é um direito constitucional, que garantimos, mas seremos implacáveis com atos de vandalismo”, disse o presidente na rádio Candela.

    O governo de Duque, apesar disso, está alerta e convocou 170.000 agentes para reforçar a segurança, além de fechar passagens fronteiriças. Ainda deportou 24 venezuelanos acusados de entrar no país para fomentar a agitação.

    Duque tem um índice de aprovação modesto, de 26%. Ele está em uma campanha para tentar se aproximar da população e negar informações incorretas das redes sociais, como a de que ele teria proposto elevar a idade da aposentadoria e reduzir os salários dos trabalhadores mais jovens.

    “Eu não venho falar de um jardim de rosas”, disse em entrevista. “Estou falando de um país que está em recuperação, uma economia que está melhorando, que se mostra hoje entre as melhores da América Latina.”

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    Ainda assim, muitos colombianos dizem ter várias razões para estar descontentes. Apesar do acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016, grande parte do país sofre ainda com a violência, com grupos ilegais armados disputando territórios.

    Dezenas de indígenas e líderes sociais foram assassinados em crimes não resolvidos. O país é um dos mais desiguais da América do Sul, com quase 11% da população desempregada, índice que sobe a 17,5% entre os jovens adultos.

    Demandas diversas

    Com sua popularidade em xeque, a convocação de greve nacional medirá o poder de Duque, que não conseguiu consolidar uma coalizão no Congresso e cujo partido, o Centro Democrático de direita, sofreu reveses nas eleições locais de outubro.

    A grande greve foi convocada desde outubro pelo Comando Nacional Unitário, que une as principais centrais dos trabalhadores, diante de supostas iniciativas governamentais para flexibilizar o mercado de trabalho e enfraquecer o fundo de pensão do Estado em favor de fundos privados e aumentar a idade da aposentadoria.

    Duque nega apresentar projetos legislativos para esses fins, embora os Ministros do Trabalho e Finanças tenham sido a favor de reformas nesse sentido.

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    “O protesto não tem outra intenção senão pressionar o governo, a classe dominante deste país, a responder aos problemas da classe trabalhadora”, disse Julio Roberto Gomez, presidente da Confederação Geral do Trabalho.

    As centrais dos trabalhadores, que têm um poder de convocação mais fraco do que outras da região, foram acompanhadas por estudantes universitários que exigem mais recursos para a educação pública.

    Os indígenas pedem proteção após o assassinato de mais de cinquenta membros da comunidade neste ano no problemático departamento de Cauca (sudoeste).

    A eles se juntam artistas, organizações sociais e grupos de oposição, como as FARC, partido que emergiu do pacto de paz que apoia a greve em rejeição ao assassinato de 170 ex-combatentes que assinaram o acordo.

    Os movimentos de protesto enfatizam seu repúdio à violência contra líderes sociais, que deixou 486 mortos entre 1 de janeiro de 2016 e 17 de maio de 2019, de acordo com a Defensoria Pública.

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    Duque acredita que está em andamento uma campanha para desencadear a ira entre os colombianos: “Toda a sociedade tem que rejeitar vandalismo, saques, agressões, violência daqueles que muitas vezes querem pescar em águas turbulentas”.

    O partido do governo, liderado pelo ex-presidente e senador Álvaro Uribe, diz que as mobilizações respondem a uma “estratégia do Foro de São Paulo”, que reúne organizações latino-americanas de esquerda para “desestabilizar” a democracia na região.

    Desde que assumiu o cargo em agosto de 2018, Duque enfrentou várias manifestações de rua por suas propostas econômicas, por sua política de segurança focada no combate ao tráfico de drogas e por sua tentativa de modificar o acordo que desarmou as Farc.

    (Com AFP e EFE)

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