Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Grupo de Lima concorda com rompimento de relações com a Venezuela

México não assinou documento, que prevê também a adoção de sanções unilaterais contra autoridades e empresas venezuelanas

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 4 jan 2019, 21h51 - Publicado em 4 jan 2019, 21h12
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Como pressão para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não tomar posse de seu novo mandato no dia 10 de janeiro, o Grupo de Lima concordou com o possível rompimento de relações de seus membros com Caracas e com a imposição de sanções unilaterais contra autoridades venezuelanos, assim como já fazem os Estados Unidos.

    Pela primeira vez, o Grupo de Lima se refere claramente ao regime da Venezuela como uma ditadura. A decisão sobre manter ou romper as relações caberá a cada país do grupo.

    “(Os países do Grupo de Lima acordam em) reavaliar o status ou o nível de suas relações diplomáticas com a Venezuela, com base na restauração da democracia e da ordem constitucional naquele país, e a necessidade de proteger seus nacionais e seus interesses”, diz a declaração final assinada por o texto.

    O governo brasileiro, representado no encontro de Lima pelo chanceler Ernesto Araújo, ainda não manifestou sua posição sobre a continuidade ou não das relações diplomáticas com a Venezuela.

    Por meio do Twitter, Araújo limitou-se a celebrar a inclusão, na declaração final de Lima, da proposta brasileira de o Grupo de Lima pedir a Maduro que não assuma seu novo mandato de seis anos, respeite as competências da Assembleia Nacional e a transmitir ao Legislativo o exercício do Poder executivo até que novas eleições sejam realizadas.

    Apesar da retórica do governo de Jair Bolsonaro contra as ditaduras de esquerda da região e da tentativa de sedução dos Estados Unidos a posições mais duras dos vizinhos sul-americanos contra a Venezuela, o Brasil tem uma situação particularmente complicada nesse caso. Os dois países têm 2.200 quilômetros de fronteira seca, enfrentam epidemias nessa região, e Roraima depende da energia elétrica exportada pela Venezuela.

    Continua após a publicidade

    A declaração do Grupo de Lima foi assinada por 13 dos 14 países membros — o México recusou-se a aceitar seus termos. O texto condena firmemente a “ruptura da ordem constitucional e do Estado de Direito na Venezuela” e ressalta que a solução para a crise política do país dependerá exclusivamente dos venezuelanos.

    Também condena as “provocações militares” da Venezuela, mas nada menciona sobre as acusações de Maduro de que os Estados Unidos, o Brasil e a Colômbia estariam armando um complô para justificar uma intervenção de tropas no país. 

    “(Os países do Grupo de Lima) conclamam o regime de Nicolás Maduro e as Forças Armadas venezuelanas a desistirem de ações que violem os direitos soberanos de seus vizinhos”, diz o texto, em referência às preocupações com a intercepção, pela Guiana, de um navio de pesquisa sísmica da Marinha da Venezuela em suas águas territoriais em 22 de dezembro.

    O texto parte do princípio de que as eleições presidenciais de 20 de maio na Venezuela “carece de legitimidade”, assim como o novo mandato de seis anos Nicolás Maduro, que se iniciará no dia 10. Além do apelo ao respeito à Assembleia Nacional, os membros do Grupo de Lima exigem a autonomia e independência do Tribunal Superior de Justiça do país.

    As sanções unilaterais autorizadas pelo Grupo de Lima são similares às aplicadas pelos Estados Unidos. Envolvem a proibição de entrada de autoridades do governo venezuelano no território dos países do grupo, o fim do acesso de pessoas físicas e empresas daquele país ao sistema financeiro e o congelamento de seus fundos e ativos.

    Continua após a publicidade

    A declaração traz ainda a atuação dos membros do Grupo de Lima em favor da restrição aos empréstimos de organismos financeiros internacionais e regionais ao regime de Nicolás Maduro e a suspensão da cooperação militar e do fornecimento de armas.

    O Grupo de Lima terá ainda a missão de convencer outros países a adotar medidas semelhantes contra Caracas e a apoiar o pedido de investigação da Venezuela por crimes contra a humanidade. O Brasil não havia apoiado esta última iniciativa, conduzida pela Argentina, Chile, Colômbia, Canadá, Paraguai e Peru. Ernesto Araújo ainda não se manifestou possível mudança de orientação pelo governo de Bolsonaro.

    Parte da reunião desta sexta-feira do Grupo de Lima foi feita por uma vídeo-conferência com o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, que reuniu-se nos últimos dias com o chanceler e o presidente brasileiros e com o chefe de Estado colombiano, Iván Duque. A posição dos Estados Unidos é de aumentar a pressão internacional, sobretudo do entorno regional, contra a Venezuela.

    A declaração expressa ainda a preocupação dos países do Grupo de Lima com o êxodo de venezuelanos. Mas destaca o compromisso de todos em prestar assistência a esses migrantes — uma indicação de que restrições ao ingresso desses refugiados no Brasil não será restringida, como prometeu o próprio presidente Bolsonaro.

    A grave crise política e humanitária da Venezuela, diz o texto, é resultado “de atos e políticas antidemocráticas, opressoras e ditatoriais praticados pelo regime de Nicolás Maduro, que somente podem ser resolvida por meio do pleno restabelecimento da ordem democrática e do respeito aos direitos humanos”.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.