Grupos judeus criticam papa Francisco por fala sobre ‘terrorismo’ em Gaza
Pontífice afirmou durante a semana que conflito entre Israel e Hamas já foi além da simples guerra e se transformou em "terrorismo"
Conselheiros da Assembleia dos Rabinos Italianos (ARI) acusaram o papa Francisco e “líderes anônimos da Igreja Católica” de não condenarem o ataque do grupo militante palestino Hamas e de “colocarem o agressor e o atacado no mesmo plano, em nome de uma suposta imparcialidade”.
As declarações concedidas pelo grupo judaico nesta quinta-feira, 23, surgem um dia depois que pontífice afirmou que o conflito entre Israel e o Hamas, que eclodiu em 7 de outubro, já foi além da simples guerra e se transformou em “terrorismo”.
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Francisco fez o comentário logo após duas reuniões separadas – a primeira com israelenses familiares de reféns do Hamas e a segunda com palestinos cujas famílias estão na Faixa de Gaza. Ainda no mesmo dia, Francisco disse que “ambos os lados estão sofrendo” no conflito, durante um discurso improvisado na sua audiência geral na Praça São Pedro.
“É isso que as guerras fazem. Mas aqui fomos além das guerras. Isso não é guerra. Isso é terrorismo”, declarou. Ele pediu orações para que ambos os lados “não sigam em frente com paixões que, no final, matam a todos”.
Um grupo de palestinos no meio da multidão exibia fotos de corpos envoltos em panos brancos, erguendo um cartaz com os dizeres: “A Nakba continua”. “Nakba” significa “catástrofe” em árabe, e refere-se ao deslocamento e expropriação de palestinos na guerra de 1948, quando da fundação de Israel.
As reuniões e os comentários do papa ocorreram horas depois de Israel e o Hamas concordarem com um cessar-fogo em Gaza por pelo menos quatro dias para permitir a entrada de ajuda humanitária no território e libertar pelo menos 50 reféns sequestrados por militantes, em troca de ao menos 150 palestinos presos em Israel.
Israel colocou Gaza sob um cerco total e realizou bombardeios implacáveis desde que terroristas do Hamas atacaram cidades do sul do país em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas, a maioria civis, e fazendo cerca de 240 reféns, segundo autoridades israelenses.
Desde então, mais de 14 mil habitantes de Gaza foram mortos, cerca de 40% dos quais são crianças, segundo o Ministério de Saúde local, controlado pelo Hamas. Os dados são considerados confiáveis pelas Nações Unidas.