Guaidó acena com anistia para Nicolás Maduro e seus aliados
Presidente interino da Venezuela diz que, para o futuro, quer conduzir um período de transição, convocar eleição e responder à crise humanitária
O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou na quinta-feira 24 não descartar a concessão de anistia a Nicolás Maduro durante entrevista ao canal de televisão Univision Noticias. Maduro e seus colaboradores mais próximos estariam cobertos por um decreto de anistia da Assembleia Nacional, emitido nesta semana, aos servidores civis e militares e aos atuais presos e perseguidos políticos.
“Ocorreram coisas similares nos períodos de transição. Aconteceu no Chile, aconteceu na Venezuela em 1958. Não podemos descartar nenhum elemento, mas temos de ser muitos firmes para o futuro”, afirmou. “No momento, será analisada. Esta anistia está sobre a mesa, estas garantias para todos os que estejam dispostos a colocar-se ao lado da Constituição, a recuperar a ordem constitucional”, completou.
Em linha com a declaração de Guaidó, o general Hamilton Mourão, na condição de presidente interino do Brasil, defendera na quinta-feira a criação de um “corredor de escape” para Maduro e seus aliados saírem ilesos da Venezuela. “Ainda julgo que a grande missão que todos os países têm a oferecer é uma saída para Maduro e seu pessoal. Tem que ter um corredor de escape”, disse o general Mourão.
Guaidó afirmou ainda que seu cenário para o futuro envolve o “fim da usurpação” do poder por Maduro e seus aliados e, consequentemente da incerteza, o início de um período de transição, a realização de eleições livres e a resposta à crise humanitária.
Líder da Assembleia Nacional, o oposicionista Guaidó fez um juramento como presidente interino da Venezuela na quarta-feira 23, durante uma manifestação em Caracas em favor da renúncia de Maduro. Diante de sua iniciativa, os Estados Unidos e outros 15 países, entre os quais o Brasil, reconheceram Guaidó. Maduro, porém, continua a deter o apoio da Força Armada Nacional Bolivariana e da Guarda Nacional Bolivariana, além das milícias civis armadas pelo governo. Também tem os apoios da Rússia, da Turquia e da China.”O que fizemos (na quarta-feira) foi abraçar a Constituição, assumir as competências que ela nos dá precisamente para cessar a usurpação que vive a Venezuela, para abraçar a todos os setores, incluindo os militares, e ter eleição livre para poder definitivamente avançar muito rápido para superar esta crise”, afirmou, ao contrariar a versão oficial de que seu juramento foi um golpe de Estado.