Guaidó afirma ter apoio de militares por ‘fim da usurpação’
Leopoldo López saiu da prisão para se juntar ao presidente autoproclamado da Venezuela; militares leais a Maduro reprimem movimento em base aérea
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, convocou os venezuelanos para irem às ruas nesta terça-feira, 30, no que ele chamou de “início do fim da usurpação”. Guaidó publicou uma série de tuítes pela manhã, postou um vídeo ao lado das principais unidades das forças armadas venezuelanas e afirmou que deu início à fase final da chamada Operação Liberdade.
“Povo da Venezuela, iniciou o fim da usurpação. Neste momento me encontro com as principais unidades militares da nossa Força Armada dando início à fase final da Operação Liberdade. Povo da Venezuela, vamos às ruas, para que a Força Armada Nacional continue a implantação até que se consolide o fim da usurpação, que já é irreversível”, escreveu Guaidó.
Ainda, o oposicionista elogiou a Força Armada Nacional e afirmou que ela “conta com o apoio do povo da Venezuela, com o aval da nossa constituição e com a garantia de estar do lado correto da história”. Ele também reafirmou o pedido para que o povo venezuelano saísse às ruas para recuperar a liberdade.
Guaidó se reuniu na base aérea militar La Carlota, na capital, com o ex-prefeito de Chacao, a cidade mais rica da grande Caracas, e um dos líderes da oposição venezuelana, Leopoldo López. Preso desde 2014, o político afirma ter sido libertado por um “indulto presidencial” concedido pelo líder da Assembleia Nacional.
Em um vídeo gravado na base, Guaidó afirmou que “já são muitos os militares” que se somam ao seu movimento. “O momento é agora”, disse. “Vamos restaurar a liberdade e a democracia da Venezuela”.
“Hoje, como presidente encarregado, como legítimo comandante chefe das Forças Armadas, convoco todos os soldados, todos e a todas, a família militar, a acompanhar esse processo do fim definitivo da usurpação”, afirmou ainda.
“Povo da Venezuela, é necessário que saímos juntos à rua, para apoiar as forças democráticas e recuperar a nossa liberdade. Organizados e juntos vamos mobilizar as principais unidades militares. Povo de Caracas, todos para Carlota”, disse.
Em uma entrevista a jornalistas venezuelanos, Guaidó afirmou que seus assessores trabalham para divulgar em breve os nomes dos militares que estão apoiando seu governo. O opositor confirmou apenas que há generais, coronéis e outros cargos de alta patente no grupo.
Guaidó disse ainda que insiste na oposição pacífica e que “não haverá enfrentamento” com as forças de Maduro.
O deputado opositor Julio Borges afirmou pelo Twitter que “há efetivos da Sebin”, o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, entre os militares que se juntaram a Guaidó.
Repressão ao movimento
Segundo o jornal venezuelano El Nacional, militares leais ao regime de Nicolás Maduro estão reprimindo os protestos de civis e militares que se reúnem neste momento na base militar.
Os oficiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes convocados por Guaidó.
Guaidó havia convocado uma grande marcha para 1º de maio para marcar o Dia do Trabalhador e “exigir o cessar definitivo da usurpação”.
Há relatos pelas redes sociais de que todas as linhas do metrô de Caracas estariam fechadas e de que uma das principais rodovias que dão acesso à base La Carlota. As medidas seriam uma forma encontrada pelo governo de tentar evitar qualquer mobilização popular.
Leopoldo López
Nesta terça-feira, o ex-prefeito de Chacao e um dos líderes da oposição venezuelana, Leopoldo López, ganhou liberdade de uma pena de quase 14 anos em regime de prisão domiciliar. López foi libertado por conta de um “indulto presidencial” de Guaidó.
Preso político desde 2014, López ganhou a liberdade em 8 julho deste ano, quando foi transferido para prisão domiciliar, mas menos de um mês depois, na madrugada do dia 01 de agosto, foi detido novamente.
O ex-prefeito se reuniu com Guaidó em La Carlota, para participar do movimento desta terça. Pelo Twitter, López afirmou que foi libertado por militares.
“É hora de conquistar a liberdade”, escreveu. “Venezuela iniciou a fase definitiva para o fim da usurpação”.
(Com EFE)