A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, disse nesta sexta-feira, 2, que a invasão russa à Ucrânia prova que a Europa depende demais dos Estados Unidos para a sua própria segurança.
Em fala durante encontro do Lowy Institute, think tank em Sydney, na Austrália, a premiê defendeu o aumento das capacidades de defesa do continente, incluindo uma maior produção de armas.
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“Devo ser brutalmente honesta com vocês: a Europa não é forte o suficiente agora. Estaríamos em apuros sem os Estados Unidos”, disse ela, acrescentando que políticos americanos compartilham da mesma opinião.
Para a líder finlandesa, toda a ajuda financeira e militar fornecida pelo governo americano desde o início do confronto, em 24 de fevereiro, mostra a fraqueza do velho continente. Como parte da solução, ela defendeu a construção de uma “indústria de defesa europeia”.
O discurso de Marin corrobora o afastamento de seu governo com a chamada neutralidade histórica da Finlândia, em um movimento que se iniciou com a aproximação do país com a Otan, aliança militar do Atlântico Norte.
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Segundo ela, as constantes ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, fizeram com que sua nação precisasse se defender de eventuais ataques, principalmente pelo fato de que ambos os países compartilham uma fronteira de mais de 1.300 quilômetros de território.
Em outubro, os principais partidos políticos finlandeses deram apoio à construção de uma cerca ao longo de partes da fronteira com a Rússia, depois de a Noruega, vizinho que também compartilha fronteira com os russos, anunciar a prisão de mais uma pessoa suspeita de utilizar drones para mapear e fotografar áreas ilegais e de instalações de infraestrutura crítica.
Helsinque está cada vez mais preocupada com o aumento no número de travessias ilegais em larga escala, principalmente depois da fuga de milhares de russos quando Putin anunciou uma mobilização parcial para convocar 300.000 reservistas militares para lutar na guerra na Ucrânia.
Há ainda a preocupação de que o Kremlin possa implantar uma migração em massa como uma forma de guerra híbrida, a exemplo do que Belarus foi acusada de fazer no ano passado, quando enviou milhares de imigrantes para os territórios da Polônia, Lituânia e Letônia.