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Guerra no Iêmen já deixou 5.000 crianças mortas

Desde que a aliança árabe entrou no conflito, a situação dos menores iemenitas piorou de forma significativa

Por EFE
Atualizado em 17 jan 2018, 15h42 - Publicado em 17 jan 2018, 10h37
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  • Mais de 5.000 crianças morreram no Iêmen desde que o conflito civil no país se agravou, em março de 2015, com a intervenção de uma coalizão árabe, revelou um relatório publicado nesta terça-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

    Segundo o mesmo estudo, intitulado “Nascidos na guerra”, quase todos os menores de idade do país, 11 milhões, precisam de ajuda humanitária para sobreviver.

    O relatório explica ainda que mais da metade das crianças do país não tem acesso a água potável nem a saneamento adequado. Além disso, 1,8 milhão de crianças estão desnutridas, incluindo 400.000 que sofrem de desnutrição severa aguda e que, literalmente, lutam diariamente para sobreviver.

    A porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Bettina Luescher, indicou que no país há 17,8 milhões de pessoas que padecem de insegurança alimentar; 8,4 milhões com insegurança alimentar severa; 1,8 milhão menores de 5 anos desnutridos agudos e 1,1 milhão de mulheres grávidas com destruição aguda.

    Durante esses quase três anos, 3 milhões de bebês nasceram no país. Quase 2 milhões de partos aconteceram nas próprias casas ou refúgios, a maioria deles sem nenhum atendimento médico, de acordo com a representante do Unicef no país, Meritxell Relano. Segundo ela, 30% das crianças nascem prematuras e 30% deles abaixo do peso. Além disso, 25% morrem ao nascer ou no primeiro mês de vida.

    “Uma geração inteira no Iêmen só conhece a guerra. A desnutrição e a doença são generalizadas, já que os serviços básicos colapsaram. Os que sobrevivam terão que carregar feridas físicas e psicológicas do conflito para o resto dos seus dias”, denunciou ela.

    Além dessa situação desesperada, existe a epidemia de cólera, que já afetou mais de 1 milhão de pessoas, sendo 25.000 com menos de 5 anos. Outro grave problema são os casamentos infantis como meio de sobrevivência. O Unicef calcula que três quartos das meninas se casam antes de completar 18 anos.

    Criança com malnutrida no Iêmen
    Mulher segura seu filho em um centro de tratamento contra desnutrição de um hospital em Sanaa, no Iêmen – 24/07/2017 (Khaled Abdullah/Reuters)

    Meritxell informou também que a Unicef constatou a existência de pelo menos 2.000 meninos  recrutados por diferentes grupos armados, o que representa um aumento de 27% entre novembro e dezembro de 2017.

    Aproximadamente, 2 milhões de crianças não vão à escola, incluindo meio milhão que teve que abandonar as salas de aula quando o conflito piorou com a intervenção da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita para frear o avanço dos rebeldes houthis. No fim de 2017, 256 escolas estavam destruídas, 150 eram ocupadas por deslocados internos e 23 estavam com grupos armados.

    O Unicef pediu que as partes em conflito, os que têm influência sobre elas e a comunidade internacional encontrem uma solução política que acabe com a violência. Enquanto isso não acontece, o organismo lembrou a obrigação de cumprir com as leis internacionais e permitir o pleno acesso da assistência humanitária a toda a população.

    Em setembro de 2014, os rebeldes houthis (xiitas) derrubaram o presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, que fugiu para Riad. Em março de 2015, foi constituída uma aliança de países árabes e sunitas, lidera pela Arábia Saudita, para acabar com os houthis e restabelecer Hadi no poder.

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    Antes do conflito, o Iêmen já era o país mais pobre do Oriente Médio e um dos menos desenvolvidos do mundo, importava 80% de tudo o que consumia e dependia enormemente da assistência internacional.

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