O príncipe Harry vai se tornar o primeiro membro sênior da realeza britânica a depor em tribunal em 130 anos. O duque de Sussex vai testemunhar na semana que vem em seu processo contra um grupo jornalístico que ele acusa de comportamento ilegal.
O último membro sênior da família real britânica a depor foi Eduardo VII, que foi testemunha em um caso de divórcio em 1870. Vinte anos depois, antes de se tornar rei, ele também participou de um julgamento por difamação sobre um jogo de cartas.
Harry vai comparecer ao banco das testemunhas no Tribunal Superior de Londres como parte do caso que ele e mais de 100 outras celebridades e figuras de destaque apresentaram contra o Mirror Group Newspapers (MGN), editor dos tabloides Daily Mirror , Sunday Mirror e Sunday People. O príncipe também chamou atenção das manchetes nos últimos seis meses por conta das suas disputas legais com a imprensa britânica e do lançamento de seu livro de memórias e série da Netflix, em que ele acusou outros membros da realeza de fazer acordos com os tabloides.
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Um ex-editor do tabloide The Sun, que também está sendo processado por Harry, contou que a família real há muito procura evitar processos judiciais, porque não está no controle da situação.
“Esses casos costumam ser casos de destruição mútua garantida. Não acho que ninguém sairá com uma ótima aparência”, disse David Yelland.
No julgamento, que começou no mês passado, foi informado que jornalistas da MGN e investigadores particulares contratados por eles hackearam telefones em “escala industrial” e cometeram outros atos ilegais para obter informações sobre o príncipe e os outros famosos. De acordo com o advogado David Sherborne, que representa a acusação, o esquema foi executado com conhecimento e a aprovação de editores e executivos seniores do grupo.
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A MGN contesta as alegações e diz que figuras importantes do grupo negaram saber qualquer coisa sobre a invasão dos celulares e afirmam que não tiveram qualquer irregularidade escondida por eles.
Um jornalista e biógrafo de Harry afirmou que uma das pessoas que sabia sobre os crimes era o ex-editor Piers Morgan, agora rosto de uma das emissoras de maior destaque do Reino Unido e um crítico franco do príncipe e sua esposa Meghan Markle. Morgan negou qualquer envolvimento em comportamento ilegal e acusou Harry de invadir a privacidade de sua própria família.
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Analistas esperam que o Palácio de Buckingham apareça com destaque no interrogatório de Harry, com a MGN argumentando que algumas informações vieram de assessores reais. Os documentos da MGN dizem que uma história sobre Harry surgiu quando o ex-vice-secretário particular de seu pai, o rei Charles III, e Morgan estavam fazendo “refeições regulares e bebendo juntos”.
De acordo com o príncipe, sua família e seus assessores foram cúmplices em vazar histórias negativas para proteger ou melhorar suas próprias reputações. O palácio não comentou a acusação.
Esta vai ser a segunda aparição de Harry no Supremo Tribunal de Londres, depois de se juntar ao cantor Elton John e outros para audiências em março sobre o processo contra o editor dos tabloides Daily e Sunday Mail.