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Protesto contra lei de extradição termina em confronto em Hong Kong

A polícia usou gás lacrimogêneo, cassetetes e gás de pimenta para dispersar os manifestantes, enquanto milhares de pessoas bloqueavam avenidas importantes

Por Da Redação Atualizado em 12 jun 2019, 06h17 - Publicado em 12 jun 2019, 02h04
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  • Violentos confrontos foram registrados nesta quarta-feira em Hong Kong, quando a polícia tentou impedir que os manifestantes contrários a um projeto de lei que autorizaria extradições para a China continental tentaram entrar no Parlamento da cidade.

    A polícia usou gás lacrimogêneo, cassetetes e gás de pimenta para dispersar os manifestantes, enquanto dezenas de milhares de pessoas bloqueavam avenidas importantes em uma demonstração de força contra os planos do governo.

    Os confrontos começaram pouco depois das 15h (4h de Brasília), prazo limite estabelecido pelos manifestantes para que o governo abandonasse o polêmico projeto de lei.

    As filas de policiais foram rapidamente superadas pelos manifestantes, muitos deles com máscaras, capacetes ou óculos de proteção. No fim da manhã, com o aumento da multidão nas ruas e as principais estradas bloqueadas por manifestantes, os representantes do Conselho Legislativo (Legco) anunciaram o adiamento da segunda votação do projeto de lei para uma “data posterior”.

    Os manifestantes – a maioria jovens – também se concentraram em um parque próximo à sede do governo. O debate do polêmico projeto de lei no Parlamento, que deveria ocorrer nesta quarta-feira, foi adiado para “uma data posterior”, anunciou a presidência do Legislativo. Duas avenidas foram ocupadas por milhares de pessoas, obstruindo o tráfego, em uma tática parecida a adotada em 2014, durante o movimento Occupy.

    No domingo, a ex-colônia britânica foi palco do maior protesto ocorrido desde sua transferência para a China em 1997. De acordo com os organizadores, mais de um milhão de pessoas foram às ruas pedir ao Executivo de Hong Kong que desista de seu projeto de lei.

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    Na terça-feira, dezenas de empresas e estabelecimentos comerciais de Hong Kong anunciaram sua intenção – incomum na ex-colônia britânica – de fechar as portas na quarta para protestar contra o projeto.

    O texto provocou críticas de países ocidentais, bem como o clamor de alguns em Hong Kong, que temem uma Justiça chinesa opaca e politizada e acreditam em que essa reforma prejudicará a imagem internacional e a atratividade do território semiautônomo.

    A escala do protesto não intimidou, porém, a chefe do Executivo local, Carrie Lam. Ela reiterou que o Conselho Legislativo (LegCo) – o “Parlamento” de Hong Kong – analisaria, como previsto, este texto em segunda e terceira leitura.

    Vários comerciantes já se mobilizaram nas redes sociais, sob uma hashtag que pode ser traduzida como “#greve1206”, para anunciar que sua loja fechará suas portas para permitir que seus funcionários possam protestar.

    São, principalmente, empresas familiares e pequenas lojas no coração da economia local, mas raramente ouvidas no debate político.

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    Na terça-feira, mais de 100 empresas anunciaram sua intenção de fechar as portas, entre elas cafés e restaurantes, lojas de câmeras e de brinquedos, salões de beleza, estúdios de ioga e até mesmo uma sex shop.

    “Hong Kong foi construída pelo trabalho duro de gerações”, diz o estúdio Meet Yoga em sua conta no Instagram.

    No acordo de 1984 entre Londres e Pequim, que selou sua retrocessão em 1997, Hong Kong desfruta de uma semiautonomia e liberdades que não existem na China continental e, em tese, até 2047.

    A ex-colônia britânica tem sido, no entanto, palco de intensa agitação política na última década, devido à preocupação com a crescente interferência de Pequim em seus assuntos internos e com a sensação de que a retrocessão e o famoso princípio “Um país, dois sistemas” não são mais respeitados.

    “Atos radicais”

    Mais de 1.600 funcionários de companhias aéreas assinaram um abaixo-assinado, pedindo a seu sindicato que entre em greve.

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    Um sindicato de motoristas de ônibus convida seus membros a dirigirem muito lentamente na quarta-feira para mostrar seu apoio aos manifestantes.

    Professores, enfermeiros e assistentes sociais também expressaram sua disposição em interromper o trabalho.

    Lam protestou contra as greves, um método raramente usado no grande centro financeiro e comercial de Hong Kong.

    “Peço às escolas, pais, grupos, empresas e sindicatos, que, antes de convocarem esses atos radicais, perguntem sobre o bem que podem fazer à sociedade e aos jovens de Hong Kong”, disse.

    O projeto de lei deve permitir extradições para todas as jurisdições, com as quais não exista acordo bilateral, incluindo a China continental.

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    O texto – dizem as autoridades – deve preencher um vácuo legal e fazer que a cidade deixe de ser um refúgio para alguns criminosos. As autoridades garantem que existem salvaguardas em relação aos direitos humanos e que não terá adversários políticos da China como alvo.

    Depois de anos de tensão política, porém, muitos moradores de Hong Kong não acreditam mais nas promessas de seus políticos e desconfiam das intenções do governo chinês.

    No final de 2014, o centro de Hong Kong foi bloqueado durante várias semanas pelo “Movimento dos Guarda-chuvas”, uma mobilização para exigir que a eleição do chefe do Executivo acontecesse por sufrágio universal. Pequim não deixou passar.

    A oposição ao projeto de lei une segmentos muito diversos da população de Hong Kong, incluindo a diocese católica de Hong Kong, que pediu à Lam, uma católica fervorosa, que renuncie.

    Por coincidência de calendário, a Justiça da Nova Zelândia se opôs, nesta terça-feira 11, à extradição para a China de um homem procurado por homicídio, evocando o risco de ser torturado.

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    Os Estados Unidos manifestaram sua preocupação com o ambiente econômico em Hong Kong e com os americanos de passagem, ou instalados localmente, que estarão “sujeitos aos caprichos do sistema judiciário chinês”.

    A China criticou nesta terça-feira “comentários irresponsáveis e equivocados”.

    (Com AFP)

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