Mohammad Shahed, proprietário do Hospital Regent, em Daca, capital de Bangladesh, foi preso nesta quinta-feira, 16, por vender milhares de testes de coronavírus falsos, com o resultado negativo, a trabalhadores do país. Segundo as autoridades locais, a maior parte dos exames sequer foi realizada.
A polícia de Bangladesh descobriu que o hospital comercializou mais de 10.000 “certificados de coronavírus” por 59 dólares (cerca de 315 reais) cada. Após nove dias de busca, Shahed foi encontrado na quarta-feira, 15, tentando fugir do país pela fronteira com a Índia. Ele estava disfarçado de mulher, vestindo uma burca preta da cabeça aos pés.
O dono do hospital possui antecedentes criminais relacionados a corrupção, peculato e administração fraudulenta de empresas, e chegou a ser preso por dois anos.
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Clique e AssineObaidul Quader, um ministro do governo de Bangladesh, disse em comunicado que há diversas organizações criminosas semelhantes à de Shahed no país. Dois outros médicos foram presos por praticar o mesmo crime e as autoridades locais estão em busca de mais pessoas que aplicam o golpe.
A demanda por esses certificados é muito alta, porque emigrantes de Bangladesh necessitam do atestado para voltar a trabalhar na Europa. Milhões de cidadãos trabalham no exterior e enviam seu salário em dólares para a família. Durante a pandemia, porém, diversas pessoas tiveram que regressar à terra natal. Ansiosos para reaver a fonte de renda, bengaleses que recentemente viajaram para a Itália foram barrados.
Na semana passada, o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, suspendeu todos os vôos vindos de Bangladesh depois que pelo menos 39 passageiros chegaram a Roma infectados com coronavírus. Em seguida, a Itália enviou de volta 168 bengaleses que chegaram a aeroportos em Roma e Milão.
O Ministério das Relações Exteriores de Bangladesh divulgou nesta quinta-feira um comunicado dizendo que “cerca de 1.600 bengaleses que foram recentemente para a Itália não tinham falsos testes negativos da Covid-19“. Mas a declaração acrescentou que “alguns bengaleses que viajaram para a Itália nos últimos dias não seguiram a regra de quarentena obrigatória e provavelmente alguns deles podem ter espalhado o vírus”.
Bangladesh, cuja população é de 160 milhões de pessoas, registra cerca de 200.000 casos e 2.500 mortes. Sua taxa de 1,25 casos a cada 1.000 habitantes é muito menor, por exemplo, que a de outros países. Contudo, segundo o jornal americano The New York Times, devido ao aumento de infecções no sul da Ásia e à baixa testagem, acredita-se que a taxa de infecção real supere os números oficiais.