Ainda restam diversos fatos a serem melhor esclarecidos sobre o passado da humanidade. Um deles, no entanto, pode ter ficado um pouco mais claro. Utensílios de pedra encontrados em uma caverna no norte do México indicam que humanos viviam na América do Norte há mais de 30.000 anos, ou seja, 15.000 anos antes do que se pensava.
As amostras encontradas, entre elas 1.900 ferramentas de pedra entalhada, evidenciam uma ocupação humana na caverna de Chiquihuite com 33.000 anos, segundo dois estudos publicados na revista especializada Nature.
“Nossas pesquisas fornecem novas provas sobre a antiguidade da presença de humanos nas Américas”, disse o autor de um dos estudos, o arqueólogo Ciprian Ardelean, da Universidade Autônoma de Zacatecas, no México. Segundo ele, as ferramentas têm entre 31.000 e 12.500 anos e o local provavelmente foi ocupado periodicamente durante milênios por caçadores-coletores nômades.
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Clique e AssineEmbora pesquisadores não tenham encontrado fragmentos de ossos ou DNA no local, “é provável que os humanos o tenham usado de forma relativamente constante, talvez em episódios sazonais recorrentes que fazem parte de períodos migratórios maiores”, de acordo com a pesquisa.
Em um segundo estudo, pesquisadores usaram carbono-14, junto a outras técnicas, para datar amostras de 42 locais da América do Norte. A partir de um modelo estatístico, eles mostraram uma presença humana generalizada “antes, durante e imediatamente após o Último Máximo Glacial”, entre 27.000 e 19.000 anos atrás.
O momento deste período glacial é crucial, uma vez que se considera que os humanos que migraram da Ásia não poderiam ter atravessado as enormes camadas de gelo que cobriram grande parte do continente durante essa época.
“Se os humanos estiveram aqui durante o Último Máximo Glacial, é porque chegaram antes”, afirmou Ardelean.
As populações humanas presentes no continente durante um período anterior também coincidem com o desaparecimento de animais do período, incluindo mamutes e espécies extintas de camelos e cavalos.
Segundo a arqueóloga Lorena Becerra-Valdivia, pesquisadora envolvida no estudo, o “povoamento da América foi um processo complicado, complexo e diversificado”.
“Estes são resultados que são mudanças de paradigma e podem moldar nosso entendimento sobre a dispersão inicial de humanos modernos nas Américas”, concluiu.
(Com AFP e Reuters)