Tunísia autoriza ingresso de imigrantes depois de 21 dias em alto-mar
Prejuízo do petroleiro por ter sido bloqueado no porto de Zarzis pelas autoridades tunisianas supera 152.000 dólares
Os 40 imigrantes resgatados a bordo do navio petroleiro Sarost 5 serão transferidos hoje (1) para um centro de acolhimento da ONG Crescente Vermelho na Tunísia. A embarcação ficou parada em frente ao porto de Zarzis, ao sul do país, por 21 dias à espera de uma autorização para atracar.
Situado na cidade de Medenine, a 60 quilômetros de Zarzis, o centro de acolhimento será responsável pelas despesas de manutenção e alojamento dos imigrantes durante os dois próximos meses. Também prestará assistência jurídica aos migrantes, que serão informados das diferentes opções que dispõem: o retorno voluntário ao país de origem, o pedido de refúgio e a possibilidade de permanecer na Tunísia para trabalhar.
No último sábado, o primeiro-ministro tunisiano, Youssef Chahed, anunciou a aceitação do navio “por razões humanitárias”, embora a tripulação tenha declarado que foi informada da decisão “pela televisão”, não por uma comunicação oficial.
O Crescente Vermelho saudou a medida, mas afirmou que a decisão foi “tardia” e que o governo manchou a imagem do país. Lembrou também que durante as três semanas em que o barco ficou em alto-mar, a organização pediu permissão em várias ocasiõe, para desembarcar urgentemente duas mulheres grávidas e uma pessoa que sofre de uma hérnia de hiato, sem sucesso.
A estimativa das perdas econômicas durante os 16 dias que o navio permaneceu bloqueado pelas autoridades tunisianas supera os 152.000 dólares, de acordo com os números fornecidos por uma fonte da multinacional Shell, responsável pelo petróleo da Tunísia.
No dia 14 de julho, a plataforma marítima petrolífera Miskar, da companhia British Gas, localizou em águas internacionais uma embarcação à deriva que tinha partido do litoral da Líbia para tentar atravessar o Mediterrâneo.
A embarcação de abastecimento Sarost 5 fez o resgate e partiu para o porto da cidade tunisiana de Sfax, sendo encaminhado, posteriormente, para as proximidades de Zarzis até que pudesse atracar.
Os resgatados têm entre 17 e 36 anos e são originários de Egito, Bangladesh, Camarões, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Serra Leoa e Ambazônia (região independentista de Camarões).
Segundo várias ONGs locais, que fizeram um apelo para que o governo tunisiano acolhesse o navio, a Tunísia estava relutante em aceitar o pedido pois não quer se transformar em um “porto seguro”, uma vez que isso criaria um precedente e poderia consolidar a iniciativa europeia de estabelecer “plataformas regionais de desembarque” fora do continente europeu para fazer o cadastro e triagem dos imigrantes.
(Com EFE)