No segundo dia de sua visita à Irlanda, o papa Francisco pediu perdão neste domingo pelos diversos casos abusos sexuais cometidos por padres católicos no país. “Imploro o perdão do Senhor por estes pecados, pelo escândalo e pela traição sentida por muitas pessoas na família de Deus”, declarou durante uma visita ao Santuário de Knock, a 180 quilômetros de Dublin.
A Irlanda tem um dos piores históricos de abusos cometidos por sacerdotes no mundo. Desde 2002, mais de 14.500 pessoas se declararam vítimas de abusos sexuais cometidos por padres no país em investigações conduzidas pelo governo. A Igreja também enfrenta acusações de abuso sexual e acobertamento nos Estados Unidos, Chile, Austrália e França, entre outros países.
A magnitude desses escândalos explica em parte a perda de influência da Igreja sobre a sociedade irlandesa, historicamente muito católica. Nos três últimos anos, os eleitores irlandeses aprovaram o aborto e o casamento homossexual em referendos.
“Nenhum de nós pode evitar sentir-se comovido com as histórias de crianças que sofreram abusos, que tiveram sua inocência roubada e que foram abandonadas a dolorosas lembranças. Isso nos desafia a ser firmes e determinados na busca da verdade e da justiça”, disse o pontífice.
Na primeira visita papal à Irlanda em quase quarenta anos, Francisco teve um encontro privado com oito das vítimas de abuso e afirmou que iria buscar um compromisso maior para eliminar este “flagelo”. No sábado, o papa lamentou o “fracasso” da Igreja em combater esses casos.
A pressão sobre o modo como Francisco lida com as acusações de abuso dentro da Igreja cresceu após a carta do arcebispo Carlo Maria Viganò. O arcebispo conservador acusou o papa de ter conhecimento das denúncias contra o cardeal americano Theodore McCarrick desde 2013 e de não ter feito nada para punir o prelado. Viganò pediu a renúncia do argentino.
O declínio da influência da igreja católica tem sido demonstrado pelo tamanho das multidões que receberam Francisco, muito menores do que aquelas encontradas por João Paulo II durante a última visita papal, em 1979, quando mais de três quartos da população foram ao encontro do pontífice.
(Com Agência France-Presse e Reuters)