Quatro pessoas morreram na noite desta sexta-feira, 9, em Beirute em um incêndio e uma explosão, ocorridos em um armazém de combustível em um bairro densamente povoado. O incidente voltou a semear pânico na capital do Líbano, após a grande explosão no porto da cidade, em 4 de agosto.
“O número de vítimas aumentou para quatro”, informou pelo Twitter a Cruz Vermelha libanesa, que em um balanço anterior havia registrado dois óbitos.
O secretário-geral da Cruz Vermelha no país, Georges Kettané, revelou que os “feridos foram levados ao hospital”, de acordo com a agência de notícia ANI.
O tenente Ali Najm, da brigada de bombeiros de Beirute, citou um armazém onde havia um “tanque de combustível” que pegou fogo, e uma explosão no bairro de Tariq al Jdidé.
As causas oficiais do incidente ainda são desconhecidas.
O proprietário do local, onde também havia gasolina, foi detido por forças de ordem, segundo uma fonte de segurança, que revelou que o homem é responsável por um dos geradores privados que fornece eletricidade aos moradores durante os apagões diários de energia no Líbano.
A televisão libanesa Al Jadeed, que cita mais de 20 feridos no incidente, transmitiu imagens das chamas em uma rua e gritos de moradores do bairro. Os bombeiros evacuaram os residentes dos edifícios vizinhos.
Em 15 de setembro, um prédio em construção no centro de Beirute, projetado pela empresa da premiada arquiteta Zaha Hadid, também foi alvo de um incêndio, sendo o terceiro caso em apenas uma semana.
O incidente desta sexta-feira acontece pouco mais de dois meses depois da grande explosão que matou mais de 170 pessoas e deixou outras 6.000 feridas no porto da capital. A detonação foi causada por 2.750 toneladas de nitrato de amônio que estavam armazenadas de forma incorreta.
A explosão agravou a situação em um país já em crise política e econômica, provocando a renúncia do gabinete do então primeiro-ministro Hassan Diab, em 10 de agosto. Três semanas depois, em 31 de agosto, Mustapha Adib, embaixador libanês na Alemanha, foi escolhido como novo premiê.
Adib se comprometeu a formar “em tempo recorde” um ministério de “especialistas competentes”, para aplicar as “reformas” que os cidadãos aguardam há tanto tempo.
No ano passado, a dívida estatal alcançou 152% do PIB, o desemprego atingiu 30% da população e a crise se tornou cada vez mais perceptível nas ruas das grandes cidades, onde multiplicaram-se cenas de famílias vasculhando o lixo por comida. Atualmente um terço da população de 6 milhões vive abaixo da linha de pobreza, e a expectativa é que em breve 50% dos libaneses podem enfrentar tais condições.