Índia desmantela rede de tráfico que envia cidadãos para lutar na Ucrânia
Ao menos dois jovens indianos morreram após serem cooptados para trabalhar como "ajudantes" do Exército russo, disseram familiares
O Central Bureau of Investigation (CBI) da Índia anunciou nesta sexta-feira, 8, que desmantelou uma grande rede de tráfico que tinha como objetivo enviar cidadãos do país para reforçar tropas russas na guerra na Ucrânia. Em comunicado, a agência governamental informou que foram realizadas operações em treze locais, nas quais “suspeitos” foram detidos. A investigação indicou que o esquema “tinha como alvo jovens crédulos com a promessa de empregos lucrativos no exterior”.
“Estes traficantes têm operado como uma rede organizada e atraíram cidadãos indianos através de canais de redes sociais e também através dos seus contatos/agentes locais para empregos altamente remunerados na Rússia”, disse a declaração. “Os cidadãos indianos traficados foram treinados em funções de combate e destacados para bases de frente na zona de guerra Rússia-Ucrânia contra a sua vontade.”
O CBI detectou “cerca de 35 casos” de tráfico humano, com parte das vítimas tendo sido “gravemente ferida” no campo de batalha. Ao menos dois jovens indianos morreram após serem cooptados para trabalhar como “ajudantes” do Exército russo, disseram familiares. Apenas uma das baixas foi confirmada pela embaixada da Índia na Rússia.
Em meio à poderosa capacidade de dissuasão de Moscou, o Ministério das Relações Exteriores de Nova Délhi aconselhou “todos os cidadãos indianos a exercerem a devida cautela e ficarem longe deste conflito”.
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Relação Índia-Rússia
Mesmo após a invasão russa ao território ucraniano, há dois anos, a Índia não direcionou quaisquer críticas ao Kremlin, tendo apenas sugerido que o conflito chegue ao fim por vias diplomáticas. A causa para a abstenção é simples: a Rússia ocupa primordial espaço no fornecimento de armas ao país, dependente da importação.
Em meio às sanções impostas pelo Ocidente, Moscou também colheu frutos com o fortalecimento dos laços com a Índia. Em dezembro, o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, afirmou que Índia e China, hoje, representam 90% das suas exportações de petróleo bruto. O governo indiano, inclusive, foi responsável por refiná-lo para vendê-lo à Europa, lucrando com os baixos preços do aliado e burlando as restrições impostas à Rússia.