Investigação aponta indícios de fraude na campanha eleitoral de Trump
Relatório revela esquema de 'falsos eleitores' do Partido Republicano para reverter vitória de Joe Biden sobre o ex-presidente dos EUA nas eleições de 2020
Uma investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos apontou irregularidades na campanha de Donald Trump nas eleições de 2020. Segundo o relatório, membros do Partido Republicano teriam organizado um esquema com eleitores falsos na Geórgia a fim de reverter a vitória de Joe Biden no estado.
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De acordo com informações divulgadas pelo jornal americano The Washington Post e pela emissora CNN, um e-mail obtido por promotores federais mostra que a campanha de Trump orientou um grupo de republicanos da Geórgia a se reunir em segredo e ocultar seus objetivos.
A mensagem foi enviada por Robert Sinners, líder de operações da campanha no dia da eleição na Georgia em 13 de dezembro de 2020. No documento, Sinners dava instruções sobre como apoiadores do ex-presidente poderiam se infiltrar no Colégio Eleitoral e assinar uma declaração de intenção de votar a favor de Trump no estado. O funcionário pediu sigilo sobre o esquema aos destinatários do e-mail.
“Seus deveres são imperativos para garantir o resultado final – uma vitória na Geórgia para o presidente Trump – mas serão prejudicados a menos que tenhamos total sigilo e discrição”, escreveu o republicano.
O e-mail ressalta o papel da campanha de Trump na criação de documentos eleitorais falsos como forma de suplantar a vitória de Joe Biden, eleito presidente dos Estados Unidos em novembro. No estado da Geórgia, o democrata venceu com 49,5% dos votos, ante 49,3% de Trump, uma diferença de 11.779 votos.
Mesmo sem provas, Trump segue afirmando que a eleição presidencial de 2020 foi fraudada pelos democratas e que quem ganhou foi ele.
Em 2021, uma gravação divulgada pelo Post revelou que o ex-presidente pressionou o secretário de estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, a “encontrar” votos a seu favor que poderia mudar o resultado das eleições no estado.
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Nas últimas semanas, a investigação criminal federal sobre a possível violação da Lei eleitoral na Geórgia se intensificou. De acordo com a CNN, outros sete estados foram alvo dos esforços do Partido Republicano para derrubar a eleição. A campanha de Trump e o Partido Republicano da Geórgia não de comentaram sobre o caso.
O autor do e-mail potencialmente incriminador disse que, na ocasião, ele estava trabalhando sob a direção dos advogados de campanha de Trump e do presidente do Partido Republicano da Geórgia, David Shafer. Em declaração à CNN, o republicano afirmou ter “mudado de opinião” sobre o ex-presidente.
“Após a recusa do ex-presidente em aceitar os resultados da eleição e permitir uma transição pacífica de poder, minhas opiniões sobre este assunto mudaram significativamente de onde estavam em 13 de dezembro”, acrescentou.
Um grande júri federal intimou, no mês passado, republicanos a entregarem documentos e o FBI entrevistou testemunhas sobre os “eleitores falsos” de Trump. As atividades representam a maior investigação da história do Departamento de Justiça, para além dos manifestantes pró-Trump que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro.
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Após 17 meses da multidão de partidários de Trump invadir o Capitólio sob falsas alegações de uma eleição roubada, os democratas da Câmara planejam apresentar ao público um conteúdo com revelações sobre o esforço do magnata para derrubar a eleição.
“Quando essas audiências terminarem, os eleitores saberão como os republicanos foram irresponsavelmente cúmplices na tentativa de descartar seu voto e até onde os republicanos irão para ganhar poder para si mesmos”, disse o deputado Sean Patrick Maloney, presidente da campanha democrata.
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O projeto tem o objetivo de vincular os republicanos diretamente a uma trama sem precedentes para minar a própria democracia. Talvez, dessa forma, o Partido Democrata obtenha alguma vantagem nas eleições de meio de mandato no segundo semestre.