O presidente do Irã, Hassan Rohani, ameaçou os Estados Unidos caso o presidente americano, Donald Trump, cumpra com suas ameaças de deixar o grande acordo nuclear assinado em 2015. “Sair deste acordo acarretaria um preço alto para os Estados Unidos e não acredito que os americanos estejam dispostos a pagar tal custo por algo que será inútil para eles”, declarou Rohani em entrevista à emissora CNN.
Na última quinta-feira, Trump disse que o acordo com o Irã foi “um dos piores” que já viu na vida e acusou mais uma vez a nação persa de estar violando “o espírito” da resolução. O presidente americano anunciou que “em duas semanas” tomará uma decisão sobre a possível saída dos americanos do pacto.
O acordo nuclear, assinado em julho de 2015 pelo Irã e seis grandes potências (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), pôs fim a 12 anos de conflito em torno do polêmico programa atômico iraniano. O tratado estabelece uma redução e congelamento temporário, de até 25 anos, de certas partes do programa nuclear iraniano, em troca de uma eliminação das sanções internacionais contra o país.
Para Rouhani, a saída dos americanos não traria nenhum benefício aos Estados Unidos e ainda provocaria “uma queda generalizada” da confiança internacional no país.
Também nesta segunda, durante seu discurso na 61ª Conferência Geral do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), em Viena, o vice-presidente iraniano, Ali Akbar Salehi, acusou os americanos de imporem “dificuldades inaceitáveis e obstáculos” para implementar o tratado e exigiu que todas as partes do acordo cumpram com suas obrigações para mantê-lo “operativo”.
A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, esteve no final de agosto em Viena, onde pediu ao secretário-geral da OIEA, Yukiya Amano, que seus especialistas intensifiquem as medidas de vigilância, incluindo instalações militares, no Irã.
Salehi, que também é responsável pela autoridade nuclear do país, disse nesta segunda-feira que estas exigências são “injustificadas” e acusou o governo de Trump de adotar uma “atitude abertamente hostil”. Segundo o representante iraniano, os Estados Unidos “violam o espírito do acordo” e tentam bloquear o aceso do Irã aos benefícios “legítimos” no âmbito do tratado.
Israel
Nesta segunda, Trump participou de uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em um hotel em Nova York. O premiê israelense disse que prevê falar com Trump sobre esse “terrível acordo” e sobre como reduzir a “crescente agressão” do Irã na região do Oriente Médio, especialmente na Síria.
Segundo a imprensa israelense, Netanyahu quer aproveitar o encontro com o líder americano para pedir mudanças no acordo.