Irã executa mais dois homens ligados a protestos antigoverno
Comunidade internacional condenou os enforcamentos apontando julgamentos injustos e confissões forçadas
O Irã executou nesta sábado, 7, mais dois homens ligados aos protestos desencadeados em setembro pela morte sob custódia da polícia da jovem Maha Amini, presa por não usar o véu corretamente. Mohammad Mehdi Karami e Seyed Mohammad Hosseini foram enforcados pela manhã, aumentando o número de execuções ligadas aos protestos para quatro.
A dupla foi condenada em primeira instância no início de dezembro, pelo assassinato de Ajamian, membro da milícia Basij morto em Karaj, a oeste de Teerã, em 3 de novembro. Os promotores disseram alegam que o jovem de 27 anos foi despido e assassinado por um grupo de enlutados que prestava homenagem a um manifestante executado, e o tribunal superior local manteve as sentenças de morte nesta terça-feira, 3. A condenação, no entanto, é vista com desconfiança pela comunidade internacional.
Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor do grupo Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, disse que a dupla foi “submetida a tortura e condenada após julgamentos falsos… sem os padrões mínimos para o devido processo”. O escritório de direitos humanos da ONU afirmou que os julgamentos foram injustos e “baseados em confissões forçadas”. Já a União Europeia disse estar “horrorizada”, e pediu o fim imediato das sentenças de morte contra manifestantes. “Este é mais um sinal da violenta repressão das autoridades iranianas às manifestações civis”, disse o porta-voz do chefe de relações exteriores do bloco, Josep Borrell.
De acordo com um levantamento da AFP, desde o início dos protestos, o tribunal iraniano condenou à morte 14 pessoas ligadas aos atos. Além dos quatro já executados, outros dois tiveram suas sentenças confirmadas pelo Supremo Tribunal Federal, seis aguardam novos julgamentos e outros dois podem recorrer do processo.