Irã prende integrantes do alto escalão após a morte do chefe do Hamas
Mais de vinte pessoas já foram detidas; Guarda Revolucionária afirma que 'projétil de curto alcance' foi usado no ataque em Teerã
O Irã prendeu até este sábado, 3, mais de vinte pessoas, incluindo integrantes do seu alto escalão, dentro das investigações sobre as falhas de segurança que teriam permitido o assassinato de Ismail Haniyeh, líder do braço político do grupo terrorista palestino Hamas, em Teerã, na última quarta.
De acordo com o jornal The New York Times, estão entre os presos altos oficiais de inteligência, militares e funcionários de uma casa de hóspedes administrada por militares em Teerã. As informações foram obtidas pelo jornal americano por meio de duas autoridades do Irã, que tenta dar uma resposta ao ousado e humilhante ataque em seu território contra o representante do Hamas.
Ele estava em uma casa de hóspedes – num complexo fortemente protegido – no norte da capital e visitava o país como convidado de honra na posse do presidente Masoud Pezeshkian. A morte, numa explosão, ocorreu poucas horas após a cerimônia. No mesmo dia, Haniyeh encontrou o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, no local do ataque, o que também levanta preocupações. “A percepção de que o Irã não pode proteger sua pátria nem seus principais aliados pode ser fatal para o regime, porque basicamente sinaliza aos seus inimigos que, se eles não conseguirem derrubar a República Islâmica, eles podem decapitá-la”, avaliou Ali Vaez, diretor do Irã para o International Crisis Group.
“Projétil de curto alcance”
Neste sábado, a Guarda Revolucionária do Irã afirmou que a morte de Haniyeh e também de seu guarda-costas palestino envolveu um “projétil de curto alcance”, disparado contra a residência onde estava o líder do Hamas. “Esta operação terrorista aconteceu com o disparo de um projétil de curto alcance com uma ogiva de quase 7 kg de fora do local onde os hóspedes estavam alojados, provocando uma forte explosão”, diz comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Irna. A declaração culpa o “regime sionista terrorista” pelo assassinato e fala em vingança “severa e em um momento, lugar e maneira apropriados”.
Israel não assumiu a responsabilidade pela explosão. No Irã, a investigação é comandada pela unidade de inteligência especializada em espionagem da Guarda Revolucionária, que busca suspeitos que possam levar até o grupo que planejou e executou o assassinato.