Irã promete ‘resposta forte e decisiva’ após ataque matar mais de 100
Centenas de pessoas participavam de cerimônia perto da mesquita Saheb al-Zaman para homenagear comandante Qassem Soleimani, morto em 2020 pelos EUA
O ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, prometeu uma forte reação às explosões nesta quarta-feira, 3, que mataram mais de 100 e feriram outras dezenas de pessoas em uma cerimônia perto da mesquita Saheb al-Zaman, na cidade de Kerman, para homenagear o comandante Qassem Soleimani, morto pelos Estados Unidos em 2020.
Embora as autoridades iranianas não tenham responsabilizado algum agente pelo incidente, Vahidi disse à rede de TV estatal que “aqueles que cometeram esses crimes devem esperar uma resposta forte e decisiva por parte das forças de segurança do Irã”, acrescentando que “tudo está sob controle agora e a calma foi restaurada”.
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De acordo com a televisão estatal iraniana, houve duas explosões consecutivas na cidade do sul do país, durante um evento que marcava o aniversário de morte de Soleimani. Segundo a TV estatal, pelo menos 103 pessoas foram mortas, e a emissora sugere que 170 é um número subestimado de feridos.
O incidente acontece em um momento de grande tensão regional, um dia depois de um ataque com drone, atribuído por autoridades libanesas a Israel, matar o número dois da ala política do Hamas.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, condenou o ato desta quarta-feira e disse que os autores “deste ato covarde em breve serão identificados e castigados por seu ato odioso pelas capazes forças de segurança e da ordem pública”.
O incidente
A agência de notícias iraniana Tasnim, citando fontes, afirmou que duas bombas que explodiram perto do túmulo de Soleimani foram detonadas por controle remoto.
“Dois sacos contendo bombas explodiram” no local, disse a Tasnim, que é próxima do Corpo da Guarda Revolucionária do Irã, do qual Soleimani fazia parte.
Já a agência de notícias estatal ISNA afirmou que o prefeito de Kerman, Saeed Tabrizi, disse que as bombas explodiram com 10 minutos de intervalo.
Nenhum grupo assumiu, por enquanto, a responsabilidade pelos ataques.
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Quem foi Soleimani?
Qasem Soleimani (1957-2020) foi um major-general iraniano da Guarda Revolucionária Islâmica, além de ter comandado a Força Quds – uma divisão responsável, principalmente, por ações militares fora do país e operações clandestinas.
Considerado um líder no regime iraniano, recebeu sanções do governo dos Estados Unidos por seu apoio a grupos anti-americanos no Oriente Médio. Ao mesmo tempo, porém, era considerado um comandante militar hábil, que ajudou os governos iraquiano e sírio a combater terroristas do Estado Islâmico.
Soleimani foi morto em um ataque aéreo dos Estados Unidos, em 3 de janeiro de 2020, perto do Aeroporto Internacional de Bagdá. O bombardeio que o matou teria sido uma resposta pelos ataques contra a embaixada americana em Bagdá, quatro dias antes, executado por uma milícia iraquiana aliada ao Irã.
Segundo o Departamento de Defesa americano, Soleimani estaria planejando mais ataques contra diplomatas e militares americanos e tinha pessoalmente aprovado o bombardeio contra a embaixada. Isso, contudo, não foi provado por órgãos independentes.