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Irã ultrapassa limite de urânio enriquecido estipulado em acordo nuclear

Ministério das Relações Exteriores iraniano deixou claro que país pode voltar atrás no processo caso os EUA retirem sanções econômicas

Por Da Redação
1 jul 2019, 13h28

O Ministério das Relações Exteriores do Irã confirmou nesta segunda-feira, 1º, que o estoque de urânio enriquecido do país ultrapassou o limite previsto no acordo nuclear de 2015, assinado por grandes potências do mundo ocidental.

A postura do governo iraniano é vista como o primeiro grande rompimento do pacto desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída americana do acordo, em maio do ano passado. O documento limita o enriquecimento de urânio de Teerã a 202,8 quilos do material atômico, em troca da retirada de sanções econômicas internacionais.

Ao confirmar a informação à agência estatal IRNA, o chanceler Javad Zarif, um dos principais autores da proposta, exigiu respeito de seus rivais diplomáticos. “O Irã nunca cederá à pressão dos Estados Unidos. Se quiserem conversar com o Irã, devem mostrar respeito. Nunca ameace um iraniano, o Irã sempre resistiu à pressão e respondeu com respeito quando respeitado.”

Já seu porta-voz, Abbas Mousavi, garantiu que as última decisões do país são reversíveis. “Nós dissemos aos europeus que se medidas mais práticas, maduras e completas fossem tomadas, a fidalidade do Irã aos compromissos pode ser retomada. Caso contrário, continuaremos (com o enriquecimento)”, declarou Mousavi.

A situação entre as duas nações piorou nas últimas semanas, depois de ataques contra petroleiros e drones americanos no estreito de Ormuz, no Oriente Médio que, segundo o governo americano, seriam de autoria iraniana.

Apesar da retirada dos Estados Unidos, países da Europa como França e Alemanha continuavam apoiando o acordo nuclear, sob o pretexto de que o governo iraniano cumpria as restrições impostas pelo documento.

Mas no último mês de maio o Irã anunciou que iria quadriplicar sua produção de urânio enriquecido, em retaliação às sanções econômicas dos Estados Unidos e à falta de medidas mais inclusivas dos países europeus.

Na sexta-feira 28, durante reuniões em Viena, os demais signatários do acordo fizeram um último esforço para tentar convencer o Irã a desistir de seus planos de ultrapassar os limites nucleares. O país respondeu que os europeus ofereceram muito pouco em termos de assistência comercial para persuadi-lo.

Jornada nuclear

      O baixo enriquecimento de urânio, a um nível de 3,6% de material atômico, é apenas o primeiro passo em um processo que eventualmente pode permitir ao Irã acumular material para construir uma ogiva nuclear.

      Para alimentar uma usina, basta elevar a quantidade do enriquecimento de urânio do tipo U-235 de 0,7% para 3% mas para fazer uma bomba, a concentração tem de ser enorme: no mínimo 90% de U-235. O processo, de alta tecnologia, está sujeito a diversos problemas.

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      Em 2010, por exemplo, o vírus de computador Stuxnet (supostamente criado pelos EUA ou por Israel) contaminou as centrífugas do Irã e as fez girar rápido demais, até queimar, o que atrapalhou a produção de urânio e atrasou o programa nuclear do país.

      Na última quarta-feira 26, a AIEA verificou que o Irã tinha cerca de 200 quilos de urânio de baixo enriquecimento, um pouco abaixo do limite do acordo, disseram três diplomatas que acompanham o trabalho da agência. Nesta segunda-feira, a AIEA não estava disponível para comentar o assunto.

      O acordo entre o Irã e seis potências mundiais suspendeu a maioria das sanções internacionais contra a nação do Oriente Médio em troca de restrições ao trabalho nuclear para produção de uma possível bomba atômica. O país afirma que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos, incluindo a geração de energia.

      (Com Reuters)

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