Kim Yo-jong, a irmã do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ameaçou nesta terça-feira, 16, romper o pacto de diminuir a tensão militar com a Coreia do Sul assinado em 2018 em resposta às manobras militares conjuntas realizadas pelo país vizinho e os Estados Unidos.
Em comunicado, Kim Yo-jong também lançou a primeira mensagem pública de Pyongyang ao novo governo dos Estados Unidos, agora encabeçado por Joe Biden, advertindo que sua participação em exercícios como estes pode privá-lo de “um sono reparador” durante seu mandato, em alusão ao reinício dos testes de armas de destruição em massa por parte do regime.
“Aproveitamos esta oportunidade para alertar a nova administração dos Estados Unidos que se esforça para exalar um cheiro de pólvora em nossa terra”, disse Kim Yo-jong em um comunicado pela mídia estatal norte-coreana. “Se quiserem dormir em paz pelos próximos quatro anos, é melhor não causar fedor logo na primeira etapa.”
“Vamos monitorar a atitude e o comportamento da Coreia do Sul no futuro e, se isso se tornar mais provocador, poderemos tomar medidas extraordinárias, como quebrar o pacto militar intercoreano”, completou ela, que atua como porta-voz de seu irmão nas relações da Coreia do Norte com Seul e Washington.
Kim também ameaçou dissolver o Comitê para a Reunificação Pacífica da Pátria, o órgão encarregado do diálogo com Seul.
Segundo o jornal americano The New York Times, a declaração foi a primeira indicação de que a Coreia do Norte tem planos de influenciar as políticas do governo americano, aumentando a perspectiva de uma tensão renovada na península.
A mensagem, publicada pelo jornal Rodong, veio à tona às vésperas da chegada em Seoul dos secretários de Estado e de Defesa americanos, Antony Blinken e Lloyd Austin, com o objetivo de coordenar uma nova estratégia para a questão nuclear norte-coreana. Blinken já afirmou que a desnuclearização do país é uma prioridade para a paz na região.
No último domingo, foi revelado que a Casa Branca tenta estabelecer contato com o regime de Kim Jong-un desde meados de fevereiro, sem receber uma resposta.
A Coreia do Sul e os Estados Unidos começaram a realizar exercícios militares na semana passada. A escala das manobras, que vão durar até o próximo dia 18, foi reduzida devido à pandemia de coronavírus – e para não acirrar os ânimos com Pyongyang, que interpreta as simulações como um ensaio para a invasão do território norte-coreano.
“Exercícios de guerra e hostilidade nunca combinam com diálogo e cooperação”, disse Kim Yo-jong. “Eles estão prestes a trazer um vento cortante, não o vento quente esperado por todos, nos dias de primavera de março.”
Sob o comando de Donald Trump, Washington e Seul praticamente suspenderam os exercícios militares conjuntos para apoiar a diplomacia com Kim. Após três cúpulas, as conversas de Trump com Kim fracassaram sem um acordo sobre o crescimento do poderio nuclear da Coreia do Norte.
Segundo o Times, a prioridade atual de Kim Jong-un é em casa, com foco na economia e na melhoria da vida das pessoas. A pandemia causou uma crise econômica e Kim admitiu que suas políticas falharam. No ano passado, anunciou que estava focado na construção de uma economia “autossuficiente” em face das sanções internacionais.
Contudo, ainda é cedo. A Coreia do Norte provavelmente começará a aumentar as tensões em breve para ganhar vantagem, analisa o jornal.
(Com EFE)