O Exército de Israel voltou a bombardear posições do Hamas na Faixa de Gaza nesta quinta-feira (17), dia que marca o início do Ramadã, mês sagrado muçulmano. O episódio ocorre apenas três dias depois de tropas israelenses terem atacado palestinos que protestavam contra os 70 anos de Israel e a inauguração da nova embaixada americana em Jerusalém, matando 60 pessoas.
Nesta quinta-feira, aviões israelenses bombardearam sete alvos na Faixa de Gaza. O Exército alegou estar respondendo a disparos contra soldados israelenses posicionados ao longo da fronteira e a ataques com metralhadoras que, excepcionalmente, atingiram na quarta-feira a pequena cidade israelense de Sderot.
Uma calma relativa havia retornado à Faixa de Gaza depois das mortes de segunda-feira. Os palestinos concentraram-se nos funerais das vítimas, e o Hamas teria abafado as manifestações a pedido do governo do Egito.
Mas os tiros esporádicos e a resposta israelense mostram que a situação continua tensa na região. Os ingredientes estão preparados para um novo confronto entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza e respeita desde 2014 um frágil cessar-fogo com Israel.
Israel tenta ignorar as críticas internacionais a sua reação violenta contra Gaza. Os ministros árabes das Relações Exteriores se reunirão nesta quinta-feira à tarde no Cairo, capital do Egito, e devem adotar posições sobre “a agressão israelense” contra os palestinos e a transferência “ilegal” da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, segundo a Liga Árabe (LA),. A entidade pediu uma investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre a situação na Faixa de Gaza.
A Turquia será anfitriã, nesta sexta-feira (18), de uma reunião em Istambul da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), integrada por 57 países, com a intenção de enviar “uma mensagem muito forte ao mundo” sobre os recentes episódios em Gaza.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que lidera os protestos contra Israel, convocou uma manifestação na sexta-feira em Istambul com o lema “Fim da Opressão”, em solidariedade aos palestinos.
Em meio a expulsões de diplomatas e trocas de ofensas, Turquia e Israel enfrentam uma nova crise, que complica a relação bilateral, historicamente difícil.
Ato de guerra
Israel é desde segunda-feira alvo de uma onda de críticas, condenações e pedidos de investigação independente sobre os acontecimentos na Faixa de Gaza. Mas o país recebeu o apoio inflexível dos Estados Unidos, que vetou uma declaração do Conselho de Segurança da ONU para pedir uma investigação.
Israel repete que os grandes protestos, iniciados pelos moradores de Gaza há mais de seis semanas e que terminou com o banho de sangue de segunda-feira, foram organizados pelo Hamas, movimento contra o qual travou três guerras desde 2008.
O Hamas declarou apoiar a mobilização, mas destacou que o movimento nasceu da sociedade civil e era pacífico. Para os israelenses, o Hamas utilizou os protestos como uma cobertura para tentar atacar Israel, estimulando os manifestantes, incluindo mulheres e crianças, a arriscarem suas vidas ao longo da fronteira.
(Com AFP)