Israel inicia tomada da Cidade de Gaza sob racha interno e pressão internacional
Porta-voz das FDI, Effie Defrin, afirmou que tropas israelenses "já controlam os arredores da cidade" e que mais 60 mil soldados serão convocados
 
                As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram nesta quarta-feira, 20, a tomada de controle da Cidade de Gaza, maior conglomerado urbano do enclave palestino, poucas semanas após a aprovação do plano pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O porta-voz das FDI, Effie Defrin, afirmou que as tropas israelenses “já controlam os arredores da cidade” e que outros 60 mil soldados serão convocados nos próximos dias, com previsão de que mais 20 mil cartas de recrutamento sejam enviadas até o fim do mês.
“Vamos intensificar os ataques ao Hamas na Cidade de Gaza, um reduto do terror… Vamos intensificar os ataques à infraestrutura terrorista acima e abaixo do solo e acabar com a dependência da população do Hamas”, disse Defrin, definindo o Hamas como uma “organização guerrilheira abalada e machucada”.
No início de agosto, o gabinete político e de segurança de Israel aprovou um plano para assumir o controle da Cidade de Gaza, no norte do enclave, uma medida que vai expandir as operações militares. Partidos religiosos de extrema direita que fazem parte da coalizão que sustenta o governo Netanyahu têm insistido na tomada total de Gaza — parte de sua promessa de eliminar completamente o Hamas. A proposta atual, contudo, se concentra especificamente na extensa Cidade de Gaza.
Questionado em entrevista à Fox News se Israel tomaria toda Faixa de Gaza, Netanyahu respondeu: “Pretendemos.” No entanto, ele disse que não se trata de uma anexação, porque o território seria eventualmente entregue nas mãos de um órgão militarizado composto por “forças árabes” que o governaria “adequadamente”. Ele não detalhou os arranjos de governança ou quais países árabes poderiam estar envolvidos.
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Racha interno
Após o sinal verde, o líder militar de Israel orientou o primeiro-ministro a não tomar controle total da Faixa Gaza, informou a emissora americana CNN com base em três fontes familiarizadas com o assunto. O alerta do chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), Eyal Zamir, teria acontecido durante uma reunião ainda no início do mês, quando afirmou que o domínio completo do enclave palestino significaria prender os militares no território e colocar o resgate dos reféns restantes em risco.
Além disso, Zamir advertiu que a medida exigiria mais das forças israelenses, que lidam com alta rotatividade dos soldados e com o esgotamento dos reservistas, de acordo com a CNN. A discordância faz parte de um amplo panorama de desentendimentos entre a liderança das FDI e o premiê, pressionado pela sua base política. De um lado, os militares orientam que Netanyahu opte pela rota da diplomacia; do outro, o primeiro-ministro insiste que dominar o enclave é o caminho para asfixiar o Hamas.
A decisão também foi criticada por parte da comunidade internacional. O presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou críticas aos planos de Israel como um desastre prestes a acontecer, propondo uma coalizão internacional sob mandato das Nações Unidas para estabilização do território palestino. Na ocasião, o líder francês destacou que “os reféns israelenses e o povo de Gaza continuarão a ser as principais vítimas dessa estratégia”.
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Cessar-fogo em análise
Em paralelo, Israel está estudando a resposta do Hamas à uma proposta de cessar-fogo em Gaza à qual os militantes deram sinal verde na segunda-feira 18, de acordo com informações da agência de notícias Reuters. O acordo, semelhante àquele sugerido pelos Estados Unidos no início do ano e viu as negociações travarem em um impasse, prevê uma pausa de 60 dias nas hostilidades e a libertação de metade dos reféns israelenses ainda em cativeiro no enclave.
Os mediadores Egito e Catar têm feito pressão para reativar as negociações indiretas sobre uma trégua apoiada pelos Estados Unidos.Em troca da libertação de 10 reféns vivos e 18 mortos, a proposta prevê a soltura de 200 palestinos condenados à prisão em Israel, bem como um número não especificado de mulheres e menores de idade detidos pelas forças israelenses.
Segundo fontes de segurança egípcias consultadas pela Reuters, o Hamas também solicitou a libertação de centenas de pessoas presas na própria Faixa de Gaza. Além disso, Israel faria uma retirada parcial de suas forças, que atualmente controlam 75% do enclave, e permitiria a entrada de mais ajuda humanitária no território palestino, onde um em cada três dos 2,2 milhões de habitantes (número ajustado pela morte de cerca de 62 mil na guerra) está faminto.
 
	 
							 
							 
							 
							 
							 
							

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