O ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, irá viajar a Washington na próxima quinta-feira, 3, para solicitar um “reabastecimento” de 1 bilhão de dólares para o sistema de defesa aéreo conhecido como “Domo de Ferro”, anunciaram autoridades israelenses e o senador americano Lindsey Graham.
Segundo Graham, é esperado que os EUA autorizem “rapidamente” a solicitação, após confrontos que duraram 11 dias entre Israel e o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza. Autoridades israelenses afirmam que o sistema foi responsável por interceptar centenas de foguetes disparados de Gaza.
A viagem e o pedido, no entanto, acontecem em meio a crescente pressão tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado por bloqueios a venda de armas para Israel, além de críticas aos 3,8 bilhões de dólares em ajuda dados por Washington a Israel anualmente.
Junto a isso, a ofensiva israelense a Gaza também foi alvo de escrutínio internacional. Segundo a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, mísseis lançados por Israel contra a Faixa de Gaza, que deixaram ao menos 242 mortos e 74.000 deslocados, podem constituir crimes de guerra.
Durante a reunião emergencial convocada por países árabes para discutir o confronto e a “grave situação humanitária” em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, Bachelet afirmou que os ataques “lançam dúvidas sobre a conformidade israelense com os princípios de distinção e proporcionalidade do direito humanitário internacional”. Os três territórios envolvidos foram ocupados por Israel após a Guerra dos Seis dias, em 1967.
Autor de uma resolução de bloqueio a uma venda de 735 milhões de dólares em armas, o senador e ex-candidato presidencial democrata Bernie Sanders afirmou: “Em um momento em que bombas produzidas nos EUA estão devastando Gaza, e matando mulheres e crianças, simplesmente não podemos permitir que outra grande venda de armas vá em frente sem nem mesmo um debate congressional”.
At a moment when U.S.-made bombs are devastating Gaza, and killing women and children, we cannot simply let another huge arms sale go through without even a Congressional debate. https://t.co/nLoDFmLGr1
— Bernie Sanders (@SenSanders) May 20, 2021
Desses 3,8 bilhões de dólares dados a Israel em 2020, cerca de 500 milhões foram destinados a operações de defesa contra mísseis, incluindo investimentos no Domo de Ferro e outros sistemas de interceptação.
O Domo de Ferro
O Domo de Ferro de Israel é um sistema de defesa aérea desenvolvido pelas empresas israelenses Rafael Advanced Defense Systems e Israel Aerospace Industries, com suporte financeiro e técnico dos Estados Unidos.
Colocado em serviço pela primeira vez em 2011, ele foi projetado para deter foguetes de curto alcance e artilharia como os disparados de Gaza. Dois sistemas separados, conhecidos como David’s Sling e Arrow, são projetados para ameaças de médio e longo alcance, incluindo aviões, drones, foguetes e mísseis.
Oficiais israelenses e empresas de defesa dizem que o sistema impediu milhares de foguetes e artilharia de atingirem seus alvos, com uma taxa de sucesso de mais de 90%.
No entanto, alguns analistas de defesa questionam esses números, argumentando que os números israelenses de interceptação bem-sucedida não são confiáveis e que grupos como o Hamas e a Jihad Islâmica que disparam foguetes e artilharia de Gaza se adaptaram ao sistema.
“Nenhum sistema de defesa antimísseis é perfeitamente confiável, especialmente contra uma ameaça em evolução”, escreveu Michael Armstrong, professor associado da Brock University que estudou a eficácia do sistema em uma avaliação de 2019 para o National Interest.
Apesar das críticas quanto à sua utilidade a longo prazo, não há nenhuma dúvida de que o sistema tem protegido os israelenses de diversos ataques letais na última década.