Itália declara estado de emergência no norte do país devido à seca intensa
Falta de chuvas no Vale do Pó ameaçam mais de 30% da produção agrícola nacional; governo cria fundo de 36,5 milhões de euros para controle de danos
A Itália declarou nesta terça-feira, 5, estado de emergência em cinco regiões do norte do país, anunciando a criação de fundos de emergência devido ao agravamento da seca que atingiu a Planície Padana (também conhecida como Vale do Pó) nas últimas semanas.
O gabinete aprovou um estado de emergência até 31 de dezembro em Friuli-Romagna, Friuli-Venezia Giulia, Lombardia, Piemonte e Veneto. Em comunicado, o governo italiano também disse que criou um fundo de 36,5 milhões de euros (R$ 201,64 milhões) para ajudar os afetados pela seca.
O estado de emergência prevê “meios e poderes extraordinários” para ajudar a garantir a segurança pública, a compensação de perdas e visa garantir condições normais de vida para os habitantes da área.
A Itália está enfrentando uma onda de calor extremamente precoce e falta de chuvas. Uma das áreas mais atingidas foi o vale agrícola do norte do Pó, que registra sua pior seca em 70 anos.
O Vale do Pó, conhecido pela produção de presunto de Parma, se estende de oeste a leste do país, entre os Alpes a norte e os Apeninos a sul. A Confederação Nacional dos Agricultores Diretos (Coldiretti) estima que a seca na região ameaça mais de 30% da produção agrícola nacional.
Os lagos Maggiore e Garda registraram níveis de água abaixo do normal para esta época do ano. Enquanto isso, mais ao sul, os níveis do rio Tibre, que atravessa Roma, também caíram.
O rio Pó é o maior reservatório de água da península, grande parte do qual é usado por agricultores. Mas em 2022, navios da Segunda Guerra Mundial ressurgiram das profundezas do Pó, que têm níveis de água 2,13 metros mais baixos que a média.
Em junho, a Itália enfrentou temperaturas 3,5ºC mais altas que a média, após a quinta primavera mais quente desde 1880. Nos primeiros cinco meses de 2022, houve 50% menos chuva do que o registrado nos últimos 30 anos. E a previsão do tempo para as próximas duas semanas não parece boa: não haverá chuva na província de Pavia e as temperaturas vão chegar a 38ºC no próximo fim de semana.
As secas não são novidade na Itália, acostumada à escassez de água.
“É o momento e a magnitude da crise que são assustadores”, disse Meuccio Berselli, secretário-geral da Autoridade da Bacia Distrital do Rio Po, um órgão público que opera sob a supervisão do Ministério da Transição Ecológica, em entrevista à Euronews.
“Neste inverno não nevou, em alguns locais não choveu por 120 dias. As condições climáticas que costumamos ver agosto se adiantaram um mês e meio”, disse Berselli.
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Nos últimos dias, vários municípios anunciaram medidas para abordar o problema climático. Verona, uma cidade de um 250.000 habitantes, começou a racionar o uso de água potável, enquanto Milão anunciou o fechamento de suas fontes decorativas.
Outra consequência da seca é que a produção de energia hidrelétrica caiu drasticamente. As usinas hidrelétricas, principalmente no norte montanhoso da Itália, respondem por quase 20% da produção nacional de energia.
O anúncio ocorre um dia depois que pelo menos sete pessoas morreram após o colapso de uma geleira nos Alpes italianos, que o primeiro-ministro, Mario Draghi, disse estar “sem dúvida” ligada ao aquecimento global.