Em uma tentativa de encerrar os três meses de instabilidade política, o maior partido da Itália, Movimento 5 Estrelas, retomou as negociações para formar um governo de coalizão com a sigla de extrema-direita Liga nesta quarta-feira (30).
As duas legendas anti-establishment, o Movimento 5 Estrelas e a Liga, haviam abandonado planos de assumir o poder em conjunto no último final de semana, depois de o presidente da Itália, Sergio Mattarella, rejeitar a proposta desses partidos de composição do gabinete de ministros.
O veto de Mattarella para que Paolo Savona, um opositor da União Europeia de 81 anos de idade, assumisse o Ministério da Economia colocou o país a caminho de novas eleições e desencadeou um ataque especulativo nos mercados financeiros italianos.
Hoje, os dois partidos estão tentando encontrar “um meio-termo em outro nome” para o ministério da Economia, disse uma fonte próxima ao Movimento 5 Estrelas, o maior partido do novo Parlamento italiano, à Reuters.
O presidente italiano manteve uma reunião informal nesta quarta-feira com o primeiro-ministro designado pelos dois partidos, Carlo Cottarelli, informou uma autoridade da presidência. É esperado que Cottarelli faça um comunicado sobre sua equipe de ministros após este encontro. A lista era esperada desde ontem (29).
O atraso gerou a especulação de que Cottarelli, um ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), está com dificuldades para formar um gabinete. Mesmo que seja bem-sucedido, é provável que seu governo seja breve, em vista da crise política que afeta o país.
Nenhum dos principais partidos planeja dar o voto de confiança ao governo de Cottarelli que, se formado, só deverá tratar os assuntos correntes antes das eleições anunciadas para “depois do mês de agosto”. Até mesmo o Partido Democrata, de centro-esquerda, deve se abster de apoiá-lo explicitamente.
Na terça-feira, a imprensa italiana mencionou os passos dos legisladores de todos os partidos em favor de eleições a partir de 29 de julho, para dar tempo para a formação de uma nova maioria e para a adoção do orçamento de 2019.
(Com Reuters, Estadão Conteúdo e AFP)