Às vésperas da Olimpíada e em meio a discussões sobre a presença de espectadores nos eventos esportivos, autoridades do Japão relataram na quinta-feira, 1, que novos casos de coronavírus estão crescendo acentuadamente em Tóquio há mais de três semanas, já citando a possibilidade de uma quinta onda de casos.
Era esperado que infecções crescessem depois que o estado de emergência foi relaxado na capital no mês passado para medidas menos restritivas. No entanto, o crescimento foi mais rápido que o esperado, em grande parte pelo aumento de presença em locais públicos e a presença da variante Delta, de maior transmissibilidade.
A situação começa a se aproximar do que organizadores, autoridades e o público tinham medo desde que os Jogos foram adiados pela primeira vez, em março de 2020: uma onda de infecções pela capital antes e durante as competições esportivas. A cerimônia de abertura da competição está marcada para 23 de julho deste ano.
“O vírus está crescendo em Tóquio”, disse Norio Homagari, assessor sênior do governo metropolitano de Tóquio e diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças no Centro Nacional do Japão para Medicina e Saúde Global. “Há razão para acreditar que o surto irá se espalhar mais do que a quarta onda”, acrescentou Ohmagari, segundo o jornal Japan Times.
Segundo ele, “para impedir que variantes se espalhem mais, conter e reduzir o tráfego de pessoas é primordial”.
A capital japonesa registrou 660 novos casos nesta sexta-feira, depois de 673 na quinta e 714 na quarta. A cidade também teve um aumento acentuado no número de pacientes com Covid-19 que precisaram de hospitalização nas últimas duas semanas.
Ao todo, o país soma cerca de 802.000 casos, incluindo 14.754 mortes.
É esperado que o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, anuncie na próxima semana se medidas de contingência na capital serão relaxadas em 11 de julho, como planejado, ou estendidas. Dado o cenário, uma extensão é provável.
Competições sem público
Nesta sexta-feira, os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio reconheceram que já cogitam realizar as competições a portas fechadas devido ao aumento de infecções na capital do Japão, ao invés de permitir a presença limitada de 10.000 pessoas nos eventos, como haviam definido há menos de duas semanas.
Em uma coletiva de imprensa, a presidente do comitê organizador, Seiko Hashimoto, afirmou que os anfitriões dos Jogos estão “preparados” para realizar os eventos sem espectadores se as autoridades assim decidirem devido ao aumento das infecções.
Por sua parte, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, destacou que as Olimpíadas a portas fechadas “devem ser consideradas como uma das principais opções” levando em conta a situação na região da capital, onde as infecções estão aumentando desde a suspensão do estado de emergência sanitária em 21 de junho.
O comitê organizador e as autoridades japonesas planejam realizar uma nova reunião com os chefes dos comitês olímpico e paralímpico internacionais no final da próxima semana para analisar a situação no Japão e tomar uma nova decisão sobre a presença do público nas arquibancadas.
De qualquer forma, os anfitriões já decidiram vetar a entrada de visitantes vindos do exterior durante os Jogos, dentro das rígidas restrições fronteiriças que o Japão aplica há meses devido à pandemia.
Por essa razão, os Jogos serão realizados no formato de “bolha”, que obriga os atletas e demais participantes estrangeiros a cumprirem rígidos protocolos de testes, restrição de movimentos e medidas preventivas como o uso de máscara, além da recomendação de se vacinar antes de viajar para o Japão.