Jovem que interpretará Joana D’Arc é alvo de racismo na França
Mathilde Edey Gamassou, de origem africana, foi escolhida entre 250 candidatas para interpretar a heroína nacional nas festas anuais da cidade de Orleans

A escolha de uma jovem de origem africana para interpretar a heroína Joana D’arc na França provocou uma onda de insultos racistas nas redes sociais. Membros de sites de extrema-direita consideraram a escolha da atriz, de origem africana, “uma tentativa de transformar a história” da França.
Mathilde Edey Gamassou, de 17 anos, de pai beninense e mãe polonesa, foi eleita entre 250 candidatas para interpretar Joana d’Arc, heroína nacional e santa católica, nas festas realizadas anualmente na cidade de Orleans.
Et voici #JeannedArc 2018, Mathilde, accompagnée de ses deux pages Oscar et Antoine! pic.twitter.com/6qmtSDs8Pd
— Orléans Jeanne d'Arc (@orleans_jeanne) February 19, 2018
Bénédicte Baranger, presidente do comitê Joana D’Arc, lamentou a “polêmica” e disse que a jovem foi escolhida por sua “personalidade interessante”. A secretária de Estado encarregada da igualdade entre homens e mulheres, Marlène Schiappa, também defendeu a escolha e disse nesta quinta-feira em um tuíte que o “ódio racista (…) não tem lugar na República francesa”.
Tout mon soutien à Mathilde Edey Gamassou. #JeanneDarc n'appartient pas aux identitaires. L'Histoire de France non plus.
Je vois dès demain matin la @DILCRAH : la haine raciste de la fachosphère n'a pas sa place dans la République française. https://t.co/TkHhx74zts— 🇫🇷 MarleneSchiappa (@MarleneSchiappa) February 21, 2018
Um inquérito preliminar por incitação e provocação ao ódio racial já foi aberto pelo procurador de Orleans. Pelo menos duas contas no Twitter estão sendo investigadas.
Afirmando seguir as ordens de Deus, Joana D’Arc guiou os franceses em uma batalha contra os ingleses durante a Guerra dos Cem Anos, entre os séculos XIV e XV. Em 1431, foi queimada na fogueira como herege, e anos depois foi beatificada.
(Com AFP)