As Mulheres do Muro, um grupo de judias religiosas que lutam pela igualdade de gênero no judaísmo, rezaram perante o Muro das Lamentações na manhã desta quinta-feira (14) em protesto contra a segregação entre homens e mulheres nos espaços de oração naquele monumento sagrado, em Jerusalém.
Apesar da oposição de dezenas de ultraortodoxos, elas fizeram rezas dedicadas ao Rosh Chodesh, nome dado ao início de cada mês no calendário hebraico, fora da área tradicionalmente reservada ao sexo feminino.
O coletivo, formado por mulheres judias reformistas, conservadoras e ortodoxas, reivindica há 28 anos a autorização para realizar a oração no muro sem divisão por gênero. Hoje, as mulheres são proibidas de rezar e de cantar junto com os homens.
Enquanto as mulheres faziam suas orações nesta manhã, um pequeno grupo de ultraortodoxos, integrado na maioria por jovens e crianças, assobiava e protestava pela manutenção da divisão atual, gritando em tom agressivo e agindo de maneira intimidatória.
O contexto é especialmente sensível ao tema. Em maio, a Fundação do Muro das Lamentações advertiu o grupo feminino de que não permitiria acesso ao local se as mulheres não seguissem a norma de permanecer dentro de uma zona delimitada só para elas.
Depois de rezar por mais de uma hora, as integrantes do Mulheres do Muro saíram cantando salmos judaicos sob uma leve proteção das forças de segurança israelenses e a atenção de jornalistas. O grupo de ultraortodoxos continuava a intimidá-las aos gritos. “A religião é consistente. A reforma está baseada na mudança, portanto, a reforma não é religiosa”, dizia um cartaz do grupo ultraortodoxo.
Para a rabina Susan Silverman, que participou nas rezas desta quinta-feira, “o Rosh Chodesh é tradicionalmente uma comemoração de mulheres que tem um significado especial para nós. Por isso, viemos aqui rezar juntas, como fizemos durante muitos anos”. “Desgraçadamente, o nosso encontro se tornou a parte do jogo político dos ultraortodoxos no governo”, lamenta.
Em 2016, as Mulheres do Muro geraram rebuliço quando entraram na área do Muro das Lamentações portando vários rolos sagrados da Torá para reivindicar o direito a rezar no espaço sagrado, o que irritou os ultraortodoxos presentes.
A ação, de caráter religioso e reivindicativo, também foi um protesto para exigir do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que se permita rezar livremente no recinto religioso, situado na Cidade Velha, na parte leste de Jerusalém. A cidade está sob ocupação israelense desde 1967 durante a Guerra dos Seis Dias; Israel, no entanto, considera a cidade sua capital “eterna e indivisível”.
(Com EFE)