O Ministério Público da Argentina encerrou, nesta terça-feira, 30, a investigação sobre a tentativa de assassinato contra a vice-presidente do país, Cristina Kirchner, sem ir além dos três autores do atentado. O MP considerou que não existem elementos suficientes para atribuir culpa a um grupo político da oposição pelo suposto financiamento e organização do ataque, como sustenta Kirchner.
Também nesta terça-feira, o MP argentino enviou os três detidos a julgamento.
“Me querem morta ou presa”, escreveu a vice-presidente em uma longa carta publicada nas suas redes sociais. “É um ato de consagração da impunidade.”
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Em 1º de setembro de 2022, Cristina cumprimentava apoiadores em frente ao seu apartamento em Buenos Aires quando o brasileiro Fernando Sabag Montiel tentou atirar duas vezes contra sua cabeça. A arma emperrou e ele foi detido pela multidão.
Mais tarde, a polícia prendeu sua namorada, Brenda Uliarte, e, semanas depois, Nicolás Carrizo, amigo do casal acusado de ser um participante no ataque fracassado. A juíza María Eugenia Capuchetti os indiciou por tentativa de homicídio.
Kirchner nunca aceitou que o trio, que sobrevivia vendendo algodão-doce na rua, fosse capaz de planejar um assassinato sem apoio.
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Durante a investigação, os advogados da vice-presidente pediram que os promotores investigassem se eles receberam financiamento externo. Foram citados um legislador da oposição, Gerardo Milman, e uma organização de extrema direita chamada Revolução Federal.
Milman está ligado à candidata presidencial Patrícia Bullrich, ministra da Segurança durante o governo de Mauricio Macri e admiradora do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL). Já a organização ficou famosa por lançar tochas contra a Casa Rosada e fazer uma manifestação contra Kirchner com uma imagem de sua cabeça decapitada por uma guilhotina.
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No entanto, segundo o procurador Carlos Rívolo, responsável pela investigação, os responsáveis pelo crime “não receberam qualquer quantia em dinheiro durante os dois anos anteriores ao ataque que sugerisse que tivessem sido financiados para a prática de um ato como o aqui investigado”.
Kirchner não aceitou o desfecho e voltou à narrativa de perseguição política: “Toda a investigação foi caracterizada por evitar saber a verdade”, escreveu nas redes sociais.