Justiça do Panamá decreta prisão de advogados ligados à Lava-Jato
Mossack e Fonseca são sócios do escritório investigado no escândalo Panama Papers
A Justiça do Panamá decretou neste sábado a prisão preventiva dos advogados Ramón Fonseca Mora, Jürgen Mossack e Edison Teano por participação no esquema de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato no Brasil, além de determinar a captura de uma advogada ainda não identificada.
Os três detidos foram interrogados durante a madrugada pela suposta lavagem de dinheiro na Lava Jato. Após os depoimentos, a Segunda Promotoria Contra o Crime Organizado determinou a prisão preventiva para evitar que eles fujam do Panamá.
Os advogados de Mossack e Fosenca confirmaram a prisão de seus clientes e criticaram a ação. Segundo eles, que anunciaram que entrarão com recursos na segunda-feira para reverter a decisão, não há provas de que houve lavagem de dinheiro.
Os depoimentos tiveram início na última quinta-feira, quando os advogados se apresentaram voluntariamente à Justiça, e continuaram ontem à noite. Além disso, agentes realizaram operações de busca e apreensão em imóveis de Fonseca, Mossack e de uma antiga empregada dos dois sócios, a também advogada Sara Montenegro.
Mossack e Fonseca são sócios do escritório que foi o epicentro do escândalo dos Panama Papers. Os dois estão presos junto a Teano, funcionário de ambos, na Direção de Investigação Judicial da Polícia Nacional do Panamá.
Em um documento de 30 páginas que a defesa teve acesso, os advogados dos presos disseram que os promotores não afirmaram “absolutamente nada” que assinale “elementos que provam o fato punível e como os acusados estão vinculados”.
Do escritório Mossack & Fonseca foram recolhidos há mais de um ano milhões de documentos que mostram a quatro décadas de criação de empresas de fachada em 21 jurisdições. O vazamento das informações, que ficou conhecido como Panama Papers, ocorreu em 2016.
O Ministério Público do Panamá acusou na quinta-feira o escritório Mossack & Fonseca de ser uma “organização criminosa que ajudava a lavar dinheiro” dentro do esquema da Lava Jato.
A advogada do escritório, Guillermina McDonald, explicou que existe uma filial da empresa no Brasil, que não é de propriedade de seus clientes, mas sim de outra panamenha. Ela não quis revelar o nome da pessoa porque ela é “parte da investigação” e para “respeitar o princípio de presunção de inocência”.
“Meus clientes tinham um contrato de representação com essa pessoa. Ela é quem vendia as empresas aos seus clientes, ela é quem tinha obrigação de saber para quem estava vendendo”, disse Guillermina, ex-promotora no Panamá.
(Com Agência EFE)